
Resenha
Homo Erraticus
Álbum de Ian Anderson
2014
CD/LP
Por: Roberto Rillo Bíscaro
Colaborador Top Notch
26/01/2019
Um trabalho competente e nada errático
Pra quem diversas vezes alfinetou álbuns conceituais, IAN ANDERSON tem se valido da forma mais do que seria coerente. Em 2012, lançou continuação do clássico Thick as a Brick e em abril de 2014, Homo Erraticus, onde em 50+ minutos historiciza a Inglaterra desde a Pré-História até o holocausto zumbi de meados do século XXI. Gerald Bostock – o menino-prodígio de Thick As a Brick e o homem de meia-idade com diversos destinos de TAAB2 – é o narrador da odisseia. Ele descobriu inéditos e subestimados manuscritos dum historiador amador num velho sebo de província e a partir deles escreveu as letras. Inter/intraconceitual e Anderson zoa o formato?! Apresentando eu-líricos tão distintos quanto um ferreiro medieval ou o consorte da Rainha Vitória, Albert, Homo Erraticus é muito mais focado nas letras do que em longas passagens de virtuosidade prog. Isso não significa que a música seja desleixada, pelo contrário, a produção é límpida e os mais cínicos dirão que polida demais a ponto de tornar muita coisa parecida. Realmente, alguns trechos soam indistintos mais pro final, mas Homo Erraticus comprova que o escocês ainda domina seu ofício de menestrel. Doggerland, abertura e clímax, sintetiza a sonoridade do trabalho: é como se um grupo de músicos medievais achasse uma guitarra e botasse pra quebrar. Medievo encontra hard-rock, prog rock início dos 70’s com solado de teclado analógico e folk. IAN ANDERSON abandonou o nome JETHRO TULL (mentira, ele usa sempre que lhe convém!), mas Homo Erraticus poderia tranquilamente ser catalogado como álbum da banda. E se fosse, seria o melhor em décadas. The Turnpike Inn é outra faixa forte com grande trabalho de guitarra, acordeão e flauta, esta última, marca registrada de Anderson, presente em diversos solos ao longo do álbum. Enter Metals, a canção do ferreiro, atesta sua perícia em compor fantasias folk-medievais. Madrigal delicado e com barulhinho representando suavemente o malhar na bigorna, ela também tem o insidioso poder de botar minhoca na cabeça: imagine que instigante se Anderson tivesse acompanhado a mudança dos tempos com alterações no ritmo das canções. Seria muito mais conceitual, mas daria mais trabalho pro sessentão, que faz o tipo de música de Homo Erraticus com o pé nas costas. Trabalho de qualidade; prova de que IAN ANDERSON ainda bate um bolão no estúdio.
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Sobre Roberto Rillo Bíscaro

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Sobre o álbum

Homo Erraticus
Álbum disponível na discografia de: Ian Anderson
Ano: 2014
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4 - 3 votos
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