
Resenha
In The Court Of The Crimson King
Álbum de King Crimson
1969
CD/LP
Por: Tiago Meneses
Colaborador Especialista
02/10/2017
Uma das mais inovadoras e inventivas criações da história do Rock Progressivo
Que existem muitas obras essenciais dentro do universo do rock progressivo, isso é algo que ninguém discute, não tem como resumir em apenas duas ou três como o suprassumo dentro do gênero. Mas e quando a dúvida é, “qual é o primeiro álbum? Quem deu o ponta pé inicial em tudo?”. Quando falo isso, não falo de maneira genérica ou de forma esboçada como foram, por exemplo, os Beatles com Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, Pink Floyd em The Piper At The Gates Of Dawn ou Moody Blues com o seu Days of Future Passed, todos lançados no ano de 1967, mas sim, no sentido genuíno e trazendo tudo o que se espera de um álbum de prog rock. Nesse sentido, pra mim, ninguém fez isso antes do King Crimson com o seu In the Court of the Crimson King. Já vi em alguns lugares que esse disco trata-se de uma obra conceitual e que a temática gira em torno do imperialismo fundado tão somente no materialismo. O foco deste álbum está na oposição entre as funções psicológicas do pensamento e do sentimento definidas por Jung. Mas não conheço nenhum lugar onde exista palavras de membros da banda confirmando isso. O disco já começa de maneira frenética através de “21st Century Schizoid Man”. Mas em meio ao caos sonoro, tudo soa perfeitamente e bem direcionado. A banda consegue por meio da sua música, transmitir uma sensação de frustração e raiva ao seu ouvinte. Traz mudanças bruscas de andamento, instrumentação complexa e som inovador. Tudo aquilo que se espera de um rock progressivo clássico. “Talk to the Wild” é basicamente o outro lado da moeda em relação a primeira faixa do álbum. Começa com uma flauta macia tocada por Ian McDonald, que logo tem como companhia a bela voz de Greg Lake. Parece apenas uma balada suave e simples, mas é mais do que isso, principalmente por causa da forma como se combinam os instrumentos, como apenas alguns virtuosos músicos de jazz haviam feito antes. Algo impressionante pra época. A terceira faixa é “Epitaph”. Uma canção de arranjos mais depressivos, digamos assim, com letras obscuras e pessimistas, onde mesmo com a sua natureza sombria, não deixa de ser uma das queridinhas da banda até os tempos de hoje. A voz de Lake adapta-se perfeitamente a guitarra de Fripp e ao Mellotron melancólico, criando um estilo muito atmosférico que seria desenvolvido mais tarde, por exemplo, pelo Genesis fase Peter Gabriel. Não se trata apenas de uma balada triste, mas também de uma música muito complexa, que combina diferentes ritmos e tempos. Por último, mas não menos importante, não se deve deixar de fora o brilhantismo do trabalho de bateria. Apesar de se tratar de um álbum bastante influenciado pelo jazz, em “Moonchild” é onde se pode notar tal orientação com mais clareza. Começa calma e suave, com um ritmo muito definido. Na primeira ouvida, você pode ter a impressão de que estamos diante de outra música na veia de “Talk to the Wild”, mas em torno dos 3 minutos a fusão começa, nada tão complexo ou sem estrutura lógica que não tenha sido feito antes, quase como se a banda estivesse em uma suave jam session. O álbum se encerra com a faixa título, “In the Court of the Crimson King”. Sem dúvida alguma, uma obra prima absoluta, letras são incrivelmente descritiva e combinam perfeitamente com a música, criando uma atmosfera medieval. Essa faixa tem tudo, beleza, ritmo, complexidade e muita imaginação, confesso que as minhas palavras não são capazes de descrevê-la como gostaria. Então digo apenas que é perfeita. Como eu bem disse, em In the Court of the Crimson King foi exatamente onde o Rock Progressivo começou de maneira definitiva. Dando uma cara real ao estilo. O disco apesar de toda a sua magnitude, pode não estar no mesmo nível do de outras bandas gigantes e que lançaram outras obras primas posteriormente - digamos que ele perderia por uma unha -, mas sem sombra de dúvidas, foi uma das mais inovadoras e inventivas criações musicais entre todas as bandas que carregam o selo de Rock Progressivo em seu som.
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Sobre Tiago Meneses

Nível: Colaborador Especialista
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"Sou poeta, contista e apaixonado por música desde os primórdios da minha vida, onde o rock progressivo sempre teve uma cadeira especial."
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Sobre o álbum

In The Court Of The Crimson King
Álbum disponível na discografia de: King Crimson
Ano: 1969
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,79 - 17 votos
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