Dio estreia com Holy Diver, um verdadeiro clássico do rock pesado
A história do Dio começa como tantas outras dentro da música: Uma briga de egos o levou a deixar o Black Sabbath levando junto o baterista Vinnie Appice. A dupla resolveu utilizar o sobrenome de Ronnie por este já ser bem conhecido no meio metálico, mas ficou acertado que funcionariam como uma banda. Para o baixo foi recrutado Jimmy Bain, antigo colega de Dio no Rainbow. Bain era um baixista preciso e experiente e também cuidaria dos poucos teclados do álbum. Faltava um guitarrista realmente impactante, pois Dio já havia trabalhado com Richie Blackmore e Tony Iommy, dois dos maiores ícones do instrumento. Enquanto compunham algumas canções recrutaram Jake E. Lee, que ficou pouco mais de um mês, mas deixou o grupo por divergências musicais. Então o vocalista conheceu Vivian Campbell, um jovem irlandês nascido na Irlanda que integrava o grupo Sweet Savage. A técnica de Vivian impactou Dio que o convidou imediatamente a fazer parte da nova banda. O quarteto devidamente formado entrou no Sound City Studios, em Van Nuys, Califórnia, tendo o próprio Dio como produtor. Como o baixinho também ficou encarregado das letras, Dio decidiu explorar a temática fantástica de castelos, dragões, grandes batalhas e ficção científica, tão na moda em livros como O Senhor dos Anéis e filmes como Star Wars. A sonoridade é típica do heavy tradicional: bateria pesada e baixo pulsante a frente das canções, criando uma base forte para os vocais em plena forma e a guitarra um pouco mais atrás, como se costurasse as canções de modo único! Nada de afinações baixas e bumbos duplos irritantes: ninguém ali precisava provar que era um excelente instrumentista e nem mesmo atleta do instrumento. Os músicos tinham como objetivo principal interpretar as canções, dar acabamento aos temas e não ao contrario. Nenhuma música serviu pra massagear o ego de ninguém, nem mesmo do líder. A rápida e pungente "Stand Up and Shout" chega metendo o pé na porta e mostrando banda completamente integrada, com os vocais rasgados de Dio; A faixa titulo chega em seguida, mais melódica e cadenciada, mas sem perder o peso característico. Esse foi o primeiro single do álbum; “Gypsy” traz uma sonoridade mais “suja” e agressiva, com um bom riff de guitarra; A seguir temos "Caught in the Middle", uma faixa que Campbell trouxe o riff de uma das músicas de sua antiga banda. A canção tem algumas variações rítmicas e se tornou um clássico do grupo; “Don´t Talk to Strangers” é uma verdadeira pérola: começa lenta e cadenciada, com sua letra soturna, mostrando Dio cantando de maneira melódica, até o ápice com a entrada da guitarra pesada. Vivian mostra que se sai bem em solos melódicos, mesmo com velocidade; "Straight Through The Heart" traz uma batida pesada e quase sincopada, com um contratempo diferente na bateria. Dio continua cantando muito e trazendo os temas para o seu universo vocal; “Invisible” é mais cadenciada e o solo de introdução me lembrou algumas passagens de Brian May (Queen), pelo menos até a entrada da cozinha pesada; Então temos o segundo single do disco, “Rainbow in the Dark”. Curiosamente a canção é calcada em uma linha de teclados! Mas nem por isso deixou de ser pesada e com um apelo metálico sensacional. Foi composta pelo quarteto e era obrigatória em todos os shows do grupo; “Shame on the Night” encerra o álbum de maneira pesada, trazendo os vocais performáticos de Dio, que alinha sua voz ao timbre de guitarra de Campbell. “Holy Diver” foi lançando em maio de 1983 e teve excelente receptividade dentro do heavy metal, com os singles atingindo boas posições nos chats ingleses e americanos. A capa trazia o futuro mascote da banda chamado Murray, jogando um padre católico acorrentado dentro de um rio. A imagem pode parecer comum agora, mas em 1983 teve um apelo diferenciado entre a comunidade metálica. Com “Holy Diver”, Dio conseguiu retomar sua carreira e desvencilhar de seu antigo grupo. O álbum é considerado um clássico absoluto dentro do rock pesado.
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2 comentários:

Marcel Dio 10/05/2022
Colaborador Sênior
10/05/2022
Com milhares de clássicos do heavy metal ainda apresentaria esse como cartão de visitas. Tudo está nele, tudo que o estilo tem de melhor. Baita resenha amigo.
Márcio Chagas 10/05/2022
Colaborador Sênior
10/05/2022
Obrigado Marcel! Fica muito fácil resenhar um clássico como esse. Realmente Dio juntou o que há de melhor no estilo para criar o álbum.
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Sobre Márcio Chagas
Nível: Colaborador Sênior
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Sobre o álbum

Holy Diver
Álbum disponível na discografia de: Dio
Ano: 1983
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,54 - 14 votos
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