
Resenha
Carpe Nota
Álbum de Carpe Nota
2012
CD/LP
Por: Tiago Meneses
Colaborador Top Notch
19/04/2022
Rock progressivo excitante, enérgico e cativante, que mostra um grande amor pela liberdade, alegria e infinitas possibilidades do gênero
Me lembro de quando ouvi Carpe Nota e o seu disco homônimo de estreia, fiquei bastante impressionado com o que me deparei. Discos de música instrumental é sempre um grande desafio, costumam ser mais difíceis de manter o ouvinte interessado do começo ao fim, a não ser que ele entregue uma infinidade de faixas brilhantes que remetem a bandas clássicas como, Focus, The Allman Brothers Band, Rush, King Crimson (fase Wetton, Bruford e Cross), pitadas de Return to Forever e até mesmo toques de Led Zeppelin. Parece exagero? Então escute e tire a sua própria conclusão. O disco é repleto de ideias e estilos, onde tudo flui brilhantemente junto, ao mesmo tempo em que cada um se dirige para todas as direções - sem perder a coerência em momento algum. Um rock progressivo instrumental altamente melódico, acessível, muito bem produzido, de atmosfera otimista e de composições fortes. Muitos solos de teclado, guitarra ora pesada e ora sentimental, linhas agressivas de baixo e uma bateria enérgica e cheia de vigor. O disco também possui uma variedade musical impressionante, momentos jazzísticos, clássicos, influências do Oriente Médio, hard rock, space rock, passagens mais acústicas e reflexivas, rock/metal sinfônico e muito mais. “Thoracic Park” é a peça que inicia o disco por meio de alguns batimentos cardíacos, sintetizadores emulando um coral fantasmagórico e vocais femininos sombrios e operísticos. A faixa tem uma boa variação entre momentos de ritmos mais acelerados e momentos mais lentos, com ótimas linhas de baixo, bateria precisa, riffs empolgantes de guitarra, além de órgãos e Mellotrons muito bem desenvolvidos. Durante os seus quase 11 minutos, é possível perceber partes influenciadas pelo Oriente Médio, blues e solos de teclados com temas que fazem um grande aceno à Ozric Tentacles entre outros. Uma música viciante para ser ouvida várias vezes seguidas. Sensacional, e olha que é apenas o começo do álbum. “Welcome To The Edge” possui uma guitarra blueseira sobre alguns temas de teclados ao melhor estilo neo progressivo. A guitarra usa de galopes com reminiscência ao Iron Maiden, enquanto que sintetizadores 80’s pincelam a peça em vários pontos. Destaque também para algumas linhas elegantes de baixo. “Obsession” acrescente um pouco de aroma musical do Oriente Médio. De batidas rítmicas fortes com acenos a Robin Trower e novamente ao Iron Maiden, a música é criada em uma mistura amena e pesada dentro de um deserto musical progressivo tocado de forma apaixonante. Os solos de violino feito com sintetizadores e o de violão são lindos, já o ataque de guitarra é poderoso, cheio de angústia e velocidade hábil. Mais uma peça incrível. “It Can't Be So”, passando dos 9 minutos, tem basicamente a mesma duração da faixa anterior. Possui alguns grooves que emerge toques que dão uma sensação de Focus em “Hocus Pocus”, porém, soando um pouco blueseiro e mais intenso. O Mollotron, quando acionado, infecta a peça com o que ele tem de melhor a oferecer, enquanto que há partes de sintetizadores em chamas. A guitarra mais próxima do fim é insana. Uma maneira de definir esse som é como uma boa mistura entre Focus e Anekdoten. “Obsidian” começa por meio de uma instrumentação frenética, liderada ora por órgãos alucinantes e ora por guitarra robusta, enquanto que bateria e baixo criam uma seção rítmica excelente. Possui em seu núcleo, um momento mais atmosférico sobre um clima jazzístico quase contemplativo. O solo principal de guitarra é bastante inspirado em Robin Trower, enquanto que o Moog é manuseado na linha do que Jan Hammer faria. “Batovich”, com pouco menos de 5 minutos, é a peça mais curta do disco. Sem muita complexidade, possui um bom groove que é puro entretenimento, sendo o momento mais “feijão com arroz” do álbum. Sem a mesma inspiração das faixas anteriores – mas ainda assim, muito bons -, teclados e guitarra mais uma vez se revezam no protagonismo da música. “Bio-Freez” é uma música mais solta e que começa com alguns teclados 80’s bem interessantes, riffs de guitarra agradáveis e uma seção rítmica linear. Mas conforme ela vai avançando, vai se mostrando a peça mais descontruída do disco, se tornando uma jam sensacional e cheia de solos, com todos os quatro tocando de forma incrível. “For All Time” é a última peça do disco e o seu momento mais sinfônico. Uma música muito sutil e que entrega um direcionamento mais suave. Há uma passagem sedutora de sintetizador e um solo apaixonado de guitarra antes do clima ficar mais intenso, onde a demonstração das habilidades instrumentais ficam evidentes. Existe um enorme contraste entre o começo e o final da faixa, porém, que se completam perfeitamente, fazendo com que o disco tenha um encerramento brilhante. Será que por conta de “Batovich” não me empolgar tanto – mesmo sendo uma boa música - quanto as demais do disco, esse álbum merece uma nota inferior à de 5 estrelas? Sinceramente? Não. Indico esse disco até mesmo para quem não gosta de álbuns 100% instrumentais, pois a sua música é dinâmica, onde em momento parece faltar algo além do que é apresentado. Um rock progressivo excitante, enérgico e apaixonado, que mostra um grande amor pela liberdade, alegria e infinitas possibilidades do gênero.
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Sobre Tiago Meneses

Nível: Colaborador Top Notch
Membro desde: 28/09/2017
"Sou poeta, contista e apaixonado por música desde os primórdios da minha vida, onde o rock progressivo sempre teve uma cadeira especial."
Veja mais algumas de suas publicações:
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ResenhaDe De Lind - Io Non So Da Dove Vengo E Non So Dove Mai Andrò, Uomo È Il Nome Che Mi Han Dato (1972)
09/10/2019
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Sobre o álbum

Carpe Nota
Álbum disponível na discografia de: Carpe Nota
Ano: 2012
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 5 - 1 voto
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