A música brasileira com requinte, sofisticação e diversidade
Após lançar o álbum “tropicália 2” ao lado de Gilberto Gil em 1993, Caetano mergulhou no projeto “Fina Estampa” cantando em espanhol que rendeu um disco de estúdio e outro ao vivo, além de uma turnê latino americana que lhe tomou metade da década. Então, em 1998, o cantor coloca no mercado o álbum denominado “Livro”, seu primeiro disco de inéditas em cinco anos. O nome do disco é uma referência a “Verdade Tropical”, livro lançado por Caetano no mesmo período. Porém, o titulo acaba tendo grande identificação com o trabalho, pois o cantor mergulha em todas as vertentes da música brasileira, fazendo do álbum uma verdadeira enciclopédia musical de nossa música. Com um bom gosto insuperável na escolha dos arranjos, o disco apresenta canções diversificadas que sofrem influência do jazz, bossa-nova, pop, Timbalada e música experimental. “Os Passistas” abre o disco de forma singela e cadenciada, utilizando harmonias simples para cativar o ouvinte; A canção titulo tem letra elaborada e ares poéticos, como se Caetano recitasse os versos em cima de base percussiva e melódica; Veloso flerta com o pop sessentista refinado e orquestral em “Manhattan”, nas baladas “Minha Voz, Minha Vida” e “Você é Minha”, que remete a seu grande sucesso “Você é minha” de 1983; O experimentalismo se faz presente na atonal “Doideca” e na melódica “Um Tom”, ambas com percussões fortes em sua base; “Não Enche” foi o single do disco com sua batida calcada na Timbalada baiana; O Samba mostra sua face em “Onde o Rio é mais Baiano” e “ Na Baixa do Sapateiro”, clássico de Ary Barroso, com uma magistral abertura de metais baseado no violão de João Gilberto; A influência da língua portuguesa aparece forte nas canções “Alexandre”, onde o cantor ressalta a saga do Rei da Macedônia, uma das maiores figuras da história mundial e “Navio Negreiro”, poema de Castro Alves arranjado pelo celista Jaques Morelenbaum; “Pra Ninguém” é um samba canção onde Caetano exalta os grandes interpretes da musica brasileira em sua letra; E tem ainda “How Beautiful Could a Being Be” uma das minhas preferidas do disco. A história da canção é interessante: Caetano tinha acabado de gravar o álbum “Tropicália” e seu filho Moreno Veloso ainda criança apresentou ao cantor a música de apenas uma estrofe em ritmo de cantiga de roda. A música foi rearranjada com violões e guitarras sincopadas ao lado de percussões musculosas criando um dos melhores trabalhos do disco; “Livro” foi lançado em novembro de 1998 em digipack e com um trabalho de arte estupendo de Luiz Zerbini. O álbum foi indicado ao Grammy latino como disco do ano, tendo se saído vencedor na categoria melhor álbum de M.P.B.
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Sobre Márcio Chagas
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Sobre o álbum

Livro
Álbum disponível na discografia de: Caetano Veloso
Ano: 1997
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,75 - 2 votos
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