Afiados e precisos como nunca
O Duran Duran é um grupo de extremos: ou você ama, ou você odeia, porém, em hipótese alguma, podem ser ignorados. Após o disco anterior, o bom Paper Gods de 2015, a banda já dava sinais de uma volta às origens mais pop/new romantic que os tornou famosos. Trazendo Graham Coxon (Blur) nas guitarras, lançou o primeiro single chamado Invisible, com uma vibe meio Prince meio George Michael fase Wham!, soando como se fosse uma prima-irmã de When Doves Cry, com destaques para os maravilhosos vocais de Simon Le Bon. A voz de Simon é um show à parte, mostrando que o cara continua Le Bon (perdoem a infâmia, mas esse trocadilho era tentador demais pra eu deixar passar). All Of You vem na sequência com um show de sintetizadores que fariam o Alphaville se roer de inveja. O refrão dessa música é simplesmente divino, a ponto de um desavisado chegar na sua casa e pensarque se trata de algum faixa bônus do disco Notorious. Como nem tudo são flores, Give It All Up fracassa justamente na tentativa de soar moderninha demais, com a participação de Tove Lo, cantora sueca que virou queridinha da mídia mundial após a canção Habits. Não é totalmente ruim, apenas não soa como Duran Duran, parecendo mais uma faixa do disco Moonight sem ter sido acabada e cheia de samplers. A coisa volta a ficar em alto nível com Anniversary, música que celebra os 40 anos da banda. Música dançante, nos moldes de Hunry Like The Wolf, já com cara de clássico instantâneo. Destaque para o maravilhoso refrão altíssimo, com Simon atingindo notas incríveis, os teclados de Nick Rhodes soando assustadoramente anos 80, e o baixo, bem, o baixo do Duran Duran é aquilo que você já conhece, grooveado e pulsante até a medula. Com a faixa título, parece que os caras resolveram remeter as baladas antigas, soando no entanto um pouco enjoativa. Beautiful Lies é uma das melhores do disco, agitada, animada, como se Bruno Mars fosse o vocalista do Commodores numa improvável viagem no tempo. O baixo dessa canção soa como se Sylvester resolvesse aparecer e dar o ar de sua graça, influência pop/disco inegável, que com certeza nos fará chacoalhar o esqueleto ao vivo. A produção de Giorgio Moroder modernizou mas não comprimiu o som da banda, extraindo tudo aquilo que eles tem de melhor. Quer um exemplo dessa versão moderna da banda? Escute Tonight United e comprove o que seria uma festa rave com instrumentistas de verdade. Wing também traz as guitarras de Graham Coxon, com um efeito de guitarra no dedilhado do início idêntico ao de Come Undone. O clima da canção segue meio Save A Prayer, com muita originalidade apesar das referências, numa belíssima e emocionante canção. Nothing Less assim como More Joy não fariam falta nesse disco. A primeira soa lenta e pretensiosa, com sensação de comida requentada e a segunda é uma das coisas mais pavorosas que o Duran Duran já gravou. Falling traz a participação do pianista Mike Garson (David Bowie), tornando essa uma das canções mais apaixonantes da face da terra. O músico também participa num cover do próprio bowie (apenas na versão japonesa do álbum), Five Years, com interpreção não menos do que tocante de toda a banda. É muito bom ver bandas como essa fazendo músicas inéditas e as lançando, sem se preocupar em seguir tendências de maneira exagerada. O Duran Duran finalmente alcançou paz e reconhecimento perante os críticos, que teimavam em tratar a banda como se fosse uma boy band, apenas com garotinhos bonitinhos, ignorando que os caras são músicos extremamente talentosos, compositores brilhantes, e dignos de todos os elogios possíveis. 2021 não acabou ainda, mas até o momento esse é o disco a ser batido na seara pop.
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Sobre Diogo Franco

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"Sou carioca de Nova Iguaçu , músico há 25 anos , admirador de AOR , Hard , Glam , Heavy Metal e suas vertentes. Tenho 38 anos."
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Sobre o álbum

Future Past
Álbum disponível na discografia de: Duran Duran
Ano: 2021
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,67 - 3 votos
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