Item: Dire Straits - Love Over Gold
Rating: 5
Author: Marcel Dio

Resenha

Love Over Gold

Álbum de Dire Straits

1982

CD/LP

Por: Marcel Dio

Colaborador Sênior

19/08/2021

Pode ser considerado clássico? Mas é claro Galvão!

Fosse escolher o trabalho mais "fraco" do Dire Straits, optaria por Making Movies, até porque o papo de que Love Over Gold é injustiçado, caiu por terra há tempos.
Mesmo minguado de hits (fato perdoável por possuir poucas trilhas), esse é um dos grandes trabalhos do rock.
O fato é que Brothers in Arms tomou o trono para si, virando uma espécie de buraco negro da banda, (no bom sentido) ofuscando tudo lançado anteriormente e após, a exceção da força do debut pela faixa Sultans of Swing.
Por isso a coletânea Money For Nothing (1988), febre no Brasil, fez jus a resgatar hits antigos e quebrar um pouco o magnetismo de Brothers in Arms, mesmo que Love Over Gold ganhasse a parcela com Private Investigations.

Telegraph Road em seus quatorze minutos, mantinha o espectro do disco, em solos longos e prazerosos, ainda com um pé na estrada Bruce Springsteen. A interessante letra comenta sobre o progresso nas pequenas cidades e até sobre o nascimento de algumas, e a respeito de como as leis foram regidas e o mal tomou conta, roubando o espirito livre de quem não queria limitar-se cadeia de regras, enfim, um breve passeio pela história.
Curioso que antes de conhecer a letra, mentalmente a mesma levara-me a um lugar escuro no meio de um deserto americano. De bota e calça surrada a cozinhar angu na fogueira, ouvindo uivos de lobos e observando atento a paisagem de estrelas e montanhas. Esse é o poder de conciliar a música ao tema, da forma que o Dire Straits é perito nisso.

Industrial Disease é a obra fora do ângulo na discografia deles. Aí sim podemos dizer, injustiçada!.
O teclado mescla um timbre especial junto ao piano. Ao ponto de superar a guitarra.
E a composição entra pelas três melhores da banda. Satiricamente Mark Knopfler explica sobre a tal doença industrial como um vírus sem sem solução. Assim relata a força de trabalho e o papel de cada um nessa "cadeia alimentar". A ordem é botar o sistema ou indústria para funcionar, mesmo que isso custe uma vida jogada para encher o bolso de empresários. Mark segue brincando e tirando sacadas geniais, com estórias de puxadores de tapete, vigilantes malvados, e não poupa nem Jesus dentro do tal vírus, a qual não se achou a cura até os dias atuais.

Private Investigations comandou a divulgação.
Densa do começo ao fim, como um filme de suspense, e aumentando sua carga. Knopfler usa os violões até boa parte, enquanto narra seu curto "diário investigativo". Os pianos esticam o dramaticidade e o baixo sinaliza as marcações no "mizão". Assim segue-se o curso que aparentemente não tem um desfeche harmônico convencional, como um solo ou algo do tipo, apesar de tudo, ainda é espetacular.

A faixa homônima tem a atenção e delicadeza dos arranjos. Um tanto quanto acústica pelos violões e cheias de detalhes que lhe conferem elegância, como o uso de vibrafones.

A sobremesa vem com Its Never Rains. Bons riffs, frases de órgão e a chegada do solo arrasa quarteirão, em aproximadamente dois minutos de êxtase, que só pode ser obra de quem foi escolhido a dedo para faze-lo. Digo, os deuses escolheram dez ou quinze guitarristas que mudariam para sempre nosso modo de compreender a primeira arte. E tenha certeza, Mark Knopfler foi um deles.

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