Ir em frente significa ir longe... Ir longe significa retornar. *
Máquinas nas mãos de um homem inteligente são capazes de tudo, destruir e também criar. No caso de Vangelis, um conjunto de sintetizadores e sequenciadores bastavam para que ele fosse a banda de um homem só, avançando bem dentro da new age, progressivo, música eletrônica e trilhas de filme. Quando usava os quatro elementos era quase imbatível. Spiral abusa desses elementos e mais a modernidade, apesar da magnitude de Heaven and Hell, que na minha opinião foi seu melhor registro, a megalomania dissipa-se em Albedo 0.39 e alcança o ápice em Spiral, um disco longe de qualquer desabono, a não ser que o sujeito use um par de pedras no lugar de tímpanos. Também é o primeiro álbum no qual Vangelis usou o sintetizador Yamaha CS-80, empregado com frequência em seus trabalhos futuros. Os sequenciadores na abertura da titular Spiral, causam efeitos prazerosos no cérebro, momentos de pensar na criatividade desse grego, e sentir-se em outro plano. E assim o sequenciador rola enquanto Vangelis brinca com acordes pesados, numa lição Wagner de ser, somente mais cadenciado. Jogando ainda uns sinos para dar mais dramaticidade a peça. Passado a seção que se mistura, temos outra sequência, agora com os graves movimentando-se em tonalidades como uma segunda e definitiva parte. Ballad percorre com um balanço estranho, soturno e de vozes com efeitos. Após um pingue-pongue de "volumes", caminha a um lugar conveniente ao progressivo, pegando o coda para o inicio. No final, algumas variações interessantes. Dervish D cola como tema de filme, os efeitos são mais distrativos que interessantes, assim como a sequência básica de três acordes de blues, por obter poucas alternâncias. Nem por isso deve ser menosprezada, apesar do tempo de quase seis minutos ao qual quatro estaria de bom tamanho. Como o álbum é unificado numa timbragem, To the Unknown Man persiste com o segmento e dirigindo-se ao "futuro" precede a trilha Carruagem de Fogo. O tema é caracterizado pela simplicidade melódica. Na passagem To the Unknown Man transfigura suas "paisagens" progressivamente, e quem dá a deixa são os rudimentos de bateria. Na verdade eles encadeiam boa parte da canção. Ao final a repetição é largada e acende-se na melodia mais ampla e natural dos instrumentos programados, embora tal frase pareça paradoxal. 3 + 3 entra com o mesmo jeitão da faixa título. Sequenciadores em primeiro plano, pontuados com pianos e depois a entrada de acordes e alguns ornamentos similares a trilha Blade Runner - do próprio músico. No interlúdio ganha estranheza ou mesmo confusão. O timbre de tímpano aumenta a intensidade. Não sei ao certo, percebe-se no desenlace um tanto fantasmagórico, o uso do teremim e muitas distorções. Enfim, uma ótima canção. * Lao Tsé - Tao the Ching
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Sobre Marcel Dio

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"Sou um amante da música, seja em qualquer estilo, rock, blues, jazz ou pop."
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Sobre o álbum

Spiral
Álbum disponível na discografia de: Vangelis
Ano: 1977
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,25 - 2 votos
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