
Resenha
Born To Die
Álbum de Lana Del Rey
2012
CD/LP
Por: Roberto Rillo Bíscaro
Colaborador Top Notch
31/07/2021
Estreia envolta em hype
Há anos, Lana Del Rey - que pousa de femme fatale anos 50 – causa frêmitos na indústria do entretenimento. Amor e ódio pela moça abundam. Surgida a partir de vídeo que se alastrou rapidamente pela web, a norte-americana tem sido criticada pelos lábios falsos em um clipe, pelo cabelo fake em outro. Adorada pela excelência pop de Video Game, canção que chamou a atenção do mundo. O marketing comeu solto para criar expectativa para o primeiro álbum por grande gravadora. Não passava dia sem alguma notícia sobre a moça. Shows agendados e lotados, “vazamento” de faixas, matérias sobre as influências e possível pré-fabricação de Lana, o fiasco na apresentação ao vivo no Saturday Night Live, a recuperação no talk show de David Letterman, além das declarações de Lana, revelando problemas passados com álcool. Hoopla, hype... Born To Die alcançou o topo das paradas em diversos países. Claro que o resultado frustrou quem esperava obra-prima e o álbum teve reações mistas de críticos. A sonoridade cinquentista – retrabalhada para gostos do século XXI - tem bastante espaço em Born To Die, que apresenta cantora capaz de variações vocálicas e passeia por estilos que beiram o trip hop e até tenta um tiquinho de rap. Video Games é o destaque, como se esperava. Parte da expectativa era que Lana se saísse com outra pérola do mesmo calibre. Talvez isso jamais aconteça; a intensidade da canção provavelmente assombrará seu repertório para sempre. Muitos lugares-comuns da década de 50, com suas mulheres dependentes e apaixonadas por cafajestes, como em Off To The Races, que, a despeito da temática soa contemporânea com seus vocais variando de mulher devastada por cigarro e bebida a uma fresca Lolita (na edição de luxo, há canção com esse nome, aliás). A instrumentação gigantesca, com sua percussão eletrônica marcada e orquestração luxuosa (que marcam boa parte do álbum), a faixa envolve o ouvinte num mar de ficção barata, dependência e sensualidade. Puro fetiche. A faixa-título tem ecos de The Crying Game, último suspiro de Boy George que o mundo se importou em prestar atenção. Ser derivativo é tônico para Born To Die. National Anthem abre parecendo Bittersweet Symphony, do The Verve. O álbum serviria muito bem como trilha sonora de algum projeto de David Lynch. Ameaçador, sombrio, perversamente sexy, falsamente retrô, algo bizarro, com clima de cabaré alemão pseudo-expressionista e, como todo o trabalho do diretor, no fundo, tudo pose, pura butique. Basta ouvir Radio para perceber como o cerne da bagaça é popinho... O excesso de Born to Die é seu pecadilho mortal para muitos. Como gosto de certos exageros, continuo súdito de Lana Del Rey.
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Sobre Roberto Rillo Bíscaro

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Sobre o álbum

Born To Die
Álbum disponível na discografia de: Lana Del Rey
Ano: 2012
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4 - 3 votos
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