
Resenha
Magnified As Giants
Álbum de Caligonaut
2021
CD/LP
Por: Tiago Meneses
Colaborador Especialista
22/06/2021
Hibridação do progressivo sinfônico com a dinâmica mais suave do rock espacial
Apesar do nome Caligonaut ser uma novidade, trata-se do alterego de um nome não tão desconhecido assim, Ole Michael Bjorndal, um veterano no rock progressivo que tocou em bandas como Oak, Airbag e Bjorn Riis. Com esse projeto, o músico quer entrar na onda de bandas como Wobbler e All Traps on Earth que tem revivido com muita qualidade o lado mais retrô do rock progressivo, seguindo assim, as tradições do lado mais melódico do gênero que teve o seu apogeu nos anos 1970, mas elaborando suas próprias interpretações, misturando sons do século XXI com a majestade estilística do passado e dando a tudo isso uma atualização de modernização bem-vinda para os apetites progressivos modernos. Magnified As Giants é o primeiro lançamento do projeto e que conta com oito músicos convidados, sendo Bjorndal o encarregado da guitarra e vocais. O disco ainda possui mais outros músicos exercendo papel de guitarrista e uma infinidade de teclados, mellotron, sintetizadores e órgão de igreja. Tudo é muito melódico e implanta aspectos do rock progressivo sinfônico, neo progressivo e do rock espacial, soando em alguns momentos bastante floydiano, fazendo com que construções melódicas simples se transformem em composições progressivas extensas. “Emperor” começa por meio de um piano ondulado que logo segue espaço para um riff dramático de guitarra, bateria sinistra e algumas linhas de baixo pulsantes me fazendo lembrar King Crimson. Também possui um tom de metal, mas sem ser muito opressivo, mais ou menos como o Opeth em Damnation. A guitarra solo que entra de forma breve na música é bastante evocativa, antes que ela mude para uma linha mais suave. Sei que vai parecer um excesso de comparações com outros nomes, mas também é possível notar alguns lampejos de Marillion e também de Mike Oldfield. A música toda tem um tom profundo e sombrio. Os teclados analógicos se fundem com uma seção rítmica que soam como uma combinação entre Wind and Wuthering e Nursery Crime. Uma peça de muitos detalhes e que são impossíveis de serem todos notados apenas com uma ou duas audições - na verdade, todo o disco é assim. “Hushed” começa com um violão solitário antes dos primeiros vocais de Michael que soam em um tom monocórdico. “Hushed” é uma peça extremamente sinfônica que explora linhas composicionais que a tornam muito emotiva do começo ao fim. A voz de Bjorndal é perfeita para esse tipo de som mais moderado. O trabalho de guitarra de Stephan Hvinden é excelente durante a música. Violino e backing vocals de Asa Ree mostra o quanto ela possui um talento poderoso e capacidade de elevar a sensibilidade de uma música com o seu toque especial. Entre outros nomes, pode-se perceber influências de Genesis, Yes e King Crimson. O órgão de igreja feito por Iver Kleive também acrescenta uma surpresa maravilhosa a peça. “Magnified As Giants” é a faixa título e também a menor música do disco. É uma música bastante cativante e que tem o poder de permanecer na cabeça do ouvinte por vários dias. Soa como uma espécie de “Horizons” do Genesis, mas com vocais. Uma composição excelente, cheia de sons e atmosferas criadas em primeiro plano pelo violão e em segundo por um mellotron que varia entre discreto e mais alto. Uma música belíssima. "Lighter Than Air” é o grande épico do disco com os seus quase vinte minutos. Começa com um riff de guitarra que me soou bastante familiar e depois percebi até com certo espanto que parecia com “No Rain” do Blind Melon, só que tocado de uma forma mais lenta. Possui um trabalho de órgão que faz com que nos remeta a sons encontrados em obras do Procol Harum. O trabalho de bateria é simples, mas também admirável e mantem muito bem o ritmo da música. Os momentos de solos de guitarras são simplesmente primorosos. Cada uma das costuras das boas mudanças de acordes e transições agradáveis no desenvolvimento estilístico da peça a tornam minha preferida de um álbum consistentemente encantador. Possui alguns momentos de um rock mais enérgico, porém, em sua maior parte o que segue é uma linha musical leve e de texturas bastante sutis. A atmosfera criada nos dois últimos minutos me lembra um pouco a de “Echoes do Pink Flod. São quase vinte minutos de uma terapia musical e o disco não poderia chegar ao fim de uma maneira melhor. Não existe um motivo sequer para que algum admirador de rock progressivo não se aventure na música de Magnified as Giants. O disco traz de volta sons de bandas clássicas do rock progressivo como Genesis, Mike Oldfield, Yes, King Crimson e Pink Floyd, ao mesmo tempo em que traça uma nova direção para o progressivo clássico. Apenas coloque bons fones e se deixe guiar por essa viagem maravilhosa.
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Sobre Tiago Meneses

Nível: Colaborador Especialista
Membro desde: 28/09/2017
"Sou poeta, contista e apaixonado por música desde os primórdios da minha vida, onde o rock progressivo sempre teve uma cadeira especial."
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Sobre o álbum

Magnified As Giants
Álbum disponível na discografia de: Caligonaut
Ano: 2021
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,5 - 2 votos
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