Elementos jazzísticos invadem a sonoridade sinfônica do grupo
No meio dos anos 70 o fusion, estilo em ascensão chegou a influenciar muitos grupos de rock progressivo na época. Mas poucos souberam fundir o lirismo do progressivo com o virtuosismo do jazz rock como o Caravan em Waterloo Lily. Em 1971, Richard Sinclair achou que já havia exaurido a sonoridade do Caravan e resolve deixar o grupo em busca de novas aventuras. Imediatamente o trio remanescente convoca o pianista Steve Miller (nada a ver com seu homônimo, o guitarrista americano que lançou o clássico Fly Like a Eagle). Miller, veio da escola Cantebury, acostumado com altas doses de jazz e improviso, utilizando predominantemente o uso de órgãos e hammonds, ao contrário do dissidente Sinclair, que tinha um estilo muito mais sinfônico e tradicional. Esse estilo mais livre influenciou muito na sonoridade do grupo, que compôs temas mais técnicos e improvisados durante os ensaios. Quando adentraram no “Tollington Park Studios” em Londres, para gravar seu novo álbum, a banda tinha um novo direcionamento musical. São seis canções ao todo, três de cada lado. A faixa titulo que abre os trabalho é um tema prog encharcado de pop e com uma atmosfera jazzy ao fundo. O solo esquizoide de Hastings funciona bem ao lado do piano elétrico; A segunda faixa “Nothing at All” resume bem a proposto desta formação do Caravan: Um tema fusion com uma excelente linha de baixo fazendo base para a guitarra com pedal wha-wha cheia de swing e um piano de fazer inveja a qualquer grupo de jazz. O tema se desenvolve por dez minutos com a adesão do saxofone Lou Coxhill e de outra guitarra trazida pelo convidado Phil Miller. Este é um dos mais interessantes e complexos temas gravados pela banda; A rápida “Songs e Signs”, tem vocais em falsete e sua condução orientada pelo piano de Miller. É um tema com andamento midi tempo. Talvez fosse essencialmente pop para a época, mas hoje em dia passa longe. É um bom tema que encerra o primeiro lado do disco. “Aristocracy” abre o lado “B” com um groove de baixo poucas vezes visto no rock progressivo. A cozinha funciona perfeitamente no tema que se torna exótico para o estilo. Seria um prog soul com pitadas de pop e com um vocal malemolente do Hastings, que utiliza até o pedal wah wah para criar o solo; “The Love In Your Eye” é a suíte do disco e a primeira faixa a apresentar a assinatura progressiva característica do Caravan, com solo de guitarra mais sinfônico a até flautas ao fundo. Um tema para agradar os velhos fãs do grupo; ‘The World is Yours” que encerra o álbum apresenta uma guitarra limpa com uma condução meio sincopada. O instrumento combina com os vocais mais cristalinos e corretos de Hastings. Embora tenha momentos contemplativos é um canção essencialmente pop. “Waterloo Lily” traz o Caravan buscando o amadurecimento musical com a adesão de novos estilos a sua sonoridade progressiva. Embora tenham sido bem sucedidos em sua empreitada, este formação não durou muito e a banda eliminaria excessos desta sonoridade mais jazzística com a volta de Richard Sinclair aos teclados.
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Sobre Márcio Chagas
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Sobre o álbum

Waterloo Lily
Álbum disponível na discografia de: Caravan
Ano: 1972
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 3,83 - 3 votos
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