
Resenha
Brothers In Arms
Álbum de Dire Straits
1985
CD/LP
Por: José Esteves
Colaborador Especial
18/01/2021
Apesar de totalmente sem foco, um excelente álbum
Depois de um hiato onde Mark Knopfler decide fazer mais trabalhos solos (basicamente a trilha sonora de alguns filmes, que também foram lançados como álbuns) e produção (um álbum do Bob Dylan, por exemplo), a banda volta para o estúdio para a gravação do quinto álbum. Esse disco, em particular, viria a ser o primeiro disco de sucesso gravado digitalmente, ao contrário da norma analógica da época, e é, até hoje, o maior sucesso da banda, quebrando recordes de tempo como álbum em primeiro lugar nas tabelas, sem contar o disco de platina; muita gente considera este o melhor álbum de todos os tempos. Esse álbum é considerado, por muitos, o equivalente do Led Zeppelin IV na década de 70, pela qualidade e impacto que teve na época. Infelizmente, ele cai nas exatas mesmas armadilhas do Led Zeppelin IV, com grandes hit e uma tendência a fillers no meio, criando uma experiência claramente desigual. Porém, uma coisa que difere bastante é o som: enquanto Led Zeppelin é claramente uma experiência concisa de hard rock, o Brothers in Arms acaba atirando para todo lado, variando radicalmente de estilo de música, usando elementos de seja lá o que for para complementar o soft rock que a banda demonstra ter qualidade sobre. Individualmente, o vocal do Mark Knopfler se encaixa bem na maior parte das músicas, assim como sua guitarra (que é claramente subutilizada no álbum) e a bateria mais jazz de Omar Hakim é bem eficiente, dando uma roupagem diferente à banda. Por variar completamente de faixa a faixa, é complicado alegar um som geral ao álbum como era para ser, criando essa aparência de “Greatest Hits” mais do que um álbum de verdade. Por mais que as faixas do álbum sejam muito boas, e são, elas não tem nenhum tipo de conceito, coesão ou estilo que fazem elas parecerem remotamente do mesmo álbum. Existe rock com country (“Walk of Life” e “The Man’s Too Strong”, essa última sendo a mais fraca do álbum), tem baladas lentas e calmantes que funcionam extraordinariamente bem (“Why Worry?” é espetacular, e coloca qualquer um pra dormir), tem pop rock (“One World” é o Sledgehammer do Knopfler, e “So Far Away” é uma boa introdução), e tem new wave que cimenta o disco fortemente na década de 80 (“Ride Across the River” tem um clima ambiente muito clássico da época). Na área mais rock convencional, tem duas que chamam mais atenção: a hard rock “Money for Nothing”, com um excelente começo de bateria e um ótimo riff de guitarra, e “Brothers in Arms”, um rock melancólico com a melhor guitarra do álbum. A melhor faixa do álbum é “Your Latest Tricks”, cimentando o clima variado de cada faixa. É uma balada de teclado com saxofone clássica das rádio inofensivas, mas tudo que tem nela existe para criar um clima que beira a perfeição. O vocal do Knopfler encaixa bem, o Rhodes do Alan Clark dá uma textura interessante por baixo das músicas e o saxofone de Michael Brecker é excelente. No álbum todo, tem uma tendência a super produção, o que combina com o avanço tecnológico e a época, mas essa faixa parece achar uma finalidade para todas as camadas para fazer uma faixa leve, melancólica e, ao mesmo tempo, divertida o suficiente para tocar nos casamentos mais bregas do mundo.
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Sobre José Esteves

Nível: Colaborador Especial
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"Eu gosto muito de rock clássico e tenho um blog de resenhas minhas em disconomicon.wordpress.com. Minhas bandas preferidas são Deep Purple, Queen, Beatles e Pink Floyd e tento também ouvir o que está mudando o cenário nos dias de hoje."
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Sobre o álbum

Brothers In Arms
Álbum disponível na discografia de: Dire Straits
Ano: 1985
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,56 - 8 votos
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