De minas para o mundo: O caldeirão sonoro "Kernunnico" de Bruno e Khadhu!
Bruno Maia é conhecido por ser o fundador do Tuatha de Danann, uma dos maiores expoentes do folk metal nacional e mundial. Khadhu Capanema fundou o Cartoon, um dos grandes grupos de rock progressivo nacional dos anos 90 / 2000, responsável por lançar o primeiro álbum conceitual de rock progressivo no país, o mítico “Bigorna”, entre outros clássicos. Ambos são mineiros, multi-instrumentistas, vocalistas e prolíficos compositores. Juntos iniciaram ainda em 2012 um projeto denominado Kernunna, para extravasarem suas influências enquanto seus grupos principais estavam em inatividade. Convidaram para o line-up a violinista Daiana Mazza, que trabalhou com Marcus Vianna na Transfônica Orkestra; Marco Diniz nas guitarras e completando a formação, vieram o baterista Rodrigo Abreu, o tecladista Edgard Britto e o flautista Alex Navar (que também utiliza a gaita de foles), todos membros do Tuatha. Bruno e Khadhu além de tocarem seus principais instrumentos, respectivamente guitarra e baixo, são responsáveis também pelo uso de instrumentos exóticos como cítara, ersraj, bouzouki, bandolim, xilofone e flautas. A sonoridade da banda é bem ampla e diversa, misturando elementos de musica celta, indiana, folclore irlandês, folk music, rock progressivo, o heavy metal tradicional e ainda música mineira, notadamente o clube da esquina, criando temas muito originais e singulares, similar ao som do Tuatha de Danann, mas mais amplo e rebuscado. Na ocasião Bruno Maia declarou: “A temática lírica reforça uma nova forma de expressão musical que é calcada no que fazia antes, porém com o teor da novidade e vontade do eterno criar. É a evolução própria de um registro particular que ganha forma na forja do grupo”, Em 2103 o grupo apresenta seu primeiro ( e até então único) trabalho intitulado “The Seim Anew”, em alusão a expressão The Same / a new , do escritor James Joyce, uma das obsessões de Bruno na construção das letras. A faixa que dá nome ao grupo abre os trabalhos com as guitarras e bateria pesada se encaixando perfeitamente com as flautas e a temática folclórica proposta, mostrando a qualidade e o entrosamento do grupo; “Curupira´s Maze” tem sua letra que versa sobre um homem correndo do curupira, uma de nossas lendas folclóricas. Seu início traz um perfeito alinhamento entre flauta e bateria e mais uma vez os vocais se destacam pelo entrosamento; E então temos a faixa título, com sua introdução calcada na cítara e andamento eminentemente folk, de atmosfera agradável, embora existam mudanças de andamento e trechos mais pesados; “Snark” chega com sua introdução atmosférica, que logo é quebrada por vocais mais líricos e viscerais, lembrando por vezes o Queensryche dos anos 80; “Dreamer” tem forte referência ao Yes, principalmente na harmonização vocal e no andamento da canção; “Póg mo Thóin” tem os vocais estilo AOR e a base celta por todo o tema; “The Last of The Seven Ears” fala de um justiceiro mineiro Januário Garcia, conhecido como ”Sete Orelhas”, que virou lenda no interior do estado. Musicalmente ela mistura elementos de Supertramp e Queen. Achei um dos grandes temas do álbum, pois mostra que é possível a união de vários estilos em uma só canção sem descaracterizar a identidade do grupo; “The Keys to. Given” possui inúmeras camadas de teclados na construção do tema que faz um contraponto interessante com a guitarra pesada e sincopada e as harmonias folclóricas ao fundo; Por fim, o baixo de khadhu merece destaque na introdução de “Ricorso”, com mais de nove minutos. Um tema mais longo, onde a banda por extravasar toda sua gama de influências, inclusive com adição de partes que lembram seus respectivos grupos. Há uma forte aura dos Beatles em toda a construção harmônica do tema, que salta aos olhos mesmo em meio a tantas outras influências; “The Seim Anew” pode ser considerado um dos grandes clássicos nacionais onde uma profusão de influências das mais diversas são dosadas e arranjadas de maneira primorosa, executadas por uma banda competente e entrosada. O mais interessante foi que, na ultima Live solo de Khadhu, que ocorreu ontem, 19/09/2020, o questionei sobre a possibilidade de um segundo álbum do grupo e ele confessou que os integrantes gravaram o disco sem sequer ter ensaiado e só foram tocar juntos após o lançamento do álbum! Realmente todos os músicos do grupo merecem efusivas palmas diante de tamanho talento. Enquanto aguardamos um possível novo lançamento, (Khadhu confessou que a banda já conversou sobre esta possibilidade), podemos escutar essa obra prima disponível nas melhores plataformas de música.
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Sobre Márcio Chagas
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DivulgaçãoO guitarrista Guilhos lança o clipe de sua primeira canção no YouTube e plataformas digitais
03/08/2020
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Sobre o álbum

The Seim Anew
Álbum disponível na discografia de: Kernunna
Ano: 2013
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 3,75 - 2 votos
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