Item: Jonathan Butler - Close To You
Rating: 3
Author: Roberto Rillo Bíscaro

Resenha

Close To You

Álbum de Jonathan Butler

2018

CD/LP

Por: Roberto Rillo Bíscaro

Colaborador Top Notch

27/08/2020

Africanizando Burt Bacharach

Jonathan Butler nasceu, em 1961, na segregacionista África do Sul. Lá o apartamento entre brancos e negros era legalizado e o músico fez sua parte para que essa maldade desaparecesse como instituição. Excursionando desde tenros sete anos de idade e sendo ídolo teen em seu país, Butler começou a compor no fim dos 70’s e logo se mudou para Londres, onde ficou por anos.

Nunca massivo, seu sucesso sempre foi entre pares e o público de smooth jazz, urban soul, R’n’B. Dia 24 de agosto, de 2018, o cantor e guitarrista lançou Close To You, cujo título ref(v)erencia um dos temas mais conhecidos/regravados de Bacharach/Davis. Das 11 faixas, uma dezena é releitura da dupla norte-americana. A exceção é Cape Town, ode à cidade natal de Butler, com clima de tema de Olímpiada ou copa do Mundo, à Shakira. Tem até “kaya kaya”, ou seja o que for, na letra. Gostosa a pegada afro, que informa também vários dos standards bacharachianos, como I’ll Never Fall In Love Again.

Como Butler é exímio violonista (confira a lenta A House Is Not a Home) e guitarrista, um par de letras de Hal Davis foi para o espaço, como em I Say A Little Prayer e Do You Know the Way to San Jose? Nada de errado, afinal as homenagens são sempre para a sonoridade que Burt criou e, no caso da primeira canção, ficaria até meio estranho o pio Butler cantando sobre pensar no bofe enquanto se maquia. Versões sem letra de Do You Know..., porém, sempre soam redutivas, porque rompe ironia não sei se proposital, mas cruel: a brejeira melodia acompanha letra que fala de fracasso retumbante e volta pra casa: são os tantos sonhos de estrelato hollywoodianos que não passam de frentistas de posto de gasolina.

Essa canção – a abertura, inclusive – resume bem Close to You, o álbum: é legal, pinta com tons distintos alguns clássicos, mas não supera ou iguala nenhuma versão mais ortodoxa já ouvida.

Dá para ouvir de boa e gostar dos soul-jazz midtempo em que foram transformadas Walk On By, Alfie e The Look Of Love e se entusiasmar com a maciça influência de Steve Wonder em This Guy’s In Love You.

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