O Autêntico progressivo alemão
O Eloy havia lançado seu primeiro disco ainda sem uma identidade musical. O grupo soava mais hard, na cola de bandas como Deep Purple e Uriah Heep. Com a mudança de gravadora e a debandada do vocalista e tecladista Erich Schriever seguida pelo baterista Helmut Draht, o grupo voltou a ser um quarteto, cabendo a Frank Bornemann assumir os vocais e guitarra. O segundo guitarrista Manfred Wieczorke, assume os teclados e para substituir Draht, é recrutado o jovem e talentoso Fritz Randow, que seria conhecido no futuro por integrar o Saxon, um dos baluartes do NWOBHM. Randow apresenta certo dinamismo na musica do grupo, com viradas mais pesadas e complexas. A formação é completada pelo baixista Wolfgang Stöcker que tocou no álbum anterior. O grupo se reuniu no Windrose Studios em Hamburgo, e resolveram não utilizar um produtor, deixando a produção a cargo do próprio quarteto, que buscava uma identidade própria. A direção musical mudou radicalmente durante as gravações, a banda investiu em uma sonoridade mais espacial, progressiva e densa, calcada nos órgãos de Wieczorke e com influência do krautrock. Os teclados arrastados, construídos em camadas aparecem como a base dos quatro temas apresentados no disco. De cara, abrindo o álbum, temos uma suíte de quase vinte minutos denominada “Land of no Body”, que toma todo o lado “A” do antigo vinil. A introdução já mostra a diferença nos rumos tomados pelo grupo: o vocal complacente de Bornemann é amparado pelos teclados ainda na introdução. Os demais instrumentos entram em seguida, dando peso ao tema, mas tudo gira em torno das camadas de hammonds construídas. Mesmo a guitarra com certo peso, trabalha em função do órgão, que direciona toda a suíte. Algumas passagens mais psicodélicas podem lembrar “Echoes”, clássico do Pink Floyd; A faixa título consegue ser ainda mais arrastada e pesada, embora melódica e com um baixo pungente recortando toda a canção. Após a metade da execução, há uma quebra de andamento com um solo dinâmico de Bornemann; “Future City” tem influência clara de Jethro Tull, não só pelo uso de violões e percussão, mas também pela entonação dos vocais de Frank. A cozinha se mostra super entrosada, oferecendo segurança necessária a canção; Para encerrar, temos “Up and Down”, faixa cantada por Wieczorke, que não tem o mesmo domínio vocal de Frank, mas não chega a comprometer a canção, que é mais densa e lenta. O tecladista recita a letra de forma mais formal, e cria um contraponto interessante com o órgão e baixo elétrico que sustentam o tema; Lançado no ano de 1973, “Inside”, ajudou a consolidar o nome do grupo, inserindo o Eloy dentro do universo do prog rock. O quarteto ia se afastando da sonoridade pesada e lapidando seu som em busca do progressivo sinfônico apresentado em trabalhos posteriores. Este pode ser considero um trabalho genuíno do rock progressivo alemão.
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Sobre Márcio Chagas
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Sobre o álbum

Inside
Álbum disponível na discografia de: Eloy
Ano: 1973
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4 - 8 votos
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