
Resenha
Born To Die
Álbum de Lana Del Rey
2012
CD/LP
Por: Tiago Meneses
Colaborador Top Notch
02/07/2020
Musicalmente excelente, mas enfraquecido por suas letras
Após um enorme investimento publicitário por cerca de quatro meses através de países da Europa, além da divulgação de dois vídeo clipes, finalmente o álbum de estreia de Lana del Rey chegaria as prateleiras. Intitulado Born to Die, o álbum dividiu bastante a opinião entre os críticos, indo desde aqueles colocavam a cantora de fato como um grande trunfo até os que simplesmente execravam – sendo esses a maioria - a música de Lana Del Rey como algo medíocre e nada mais. O álbum é extremamente bem produzido, algo que inclusive poderia ser digno de infinitos elogios, mas isso acabou sendo um dos pontos de reclamação de muitas pessoas, pois toda a força e perfeição da ótima produção encontrada por trás das interpretações de Lana em cada uma das faixas acabam tirando a fragilidade e melancolia aparente das situações encontrada nas letras de muitas de suas músicas – letras no geral bem ruins. O disco começa através da faixa título, “Born to Die” também pode ser vista como um dos pontos altos do trabalho. Com uma bela interpretação e um vocal extremamente lúbrico sobre uma batida de R&B, a canção ainda ganha mais beleza ao ser reforçada por uma orquestração de arranjos melancólicos que dão um toque especial no resultado final. A segunda faixa do álbum é “Off to the Races”, um hip hop com reforço de arranjos orquestrais, uma boa batida e vocal de mistura imponente e ao mesmo tempo frágil com extrema sensibilidade e bom gosto. “Blue Jeans”, com uma batida extremamente minimalista tem um ar de modernidade sem perder algumas tendências retro, o refrão da música soa em um tom bastante sentimental, ótima música. A próxima parada do álbum, “Video Games”, já era uma música bastante conhecida antes do lançamento do disco, passando nas rádios e tendo seu clipe exibido com frequência em canais musicais, é uma canção de clímax muito delicado, cadenciada por um arranjo sinfônico, piano melancólico, passagens de harpa, momentos de suaves rufos de tambor sob um vocal romântico de Lana que é puro enlevo. “Diet Mountain Dew” tem uma musicalidade bem ao estilo R&B, novamente com bastante simplicidade e explorando um tom mais irreverente, a cantora agora opta inclusive por sair da estrada de atmosfera penosa que o álbum estava caminhando, tendo aqui e, guardada as devidas proporções, uma faixa de ar mais alegre. “National Anthem”, calcada em uma levada hip hop sobre uma bela cama de instrumentação orquestral, tem uma produção impecável, além de um coro de refrão em tom emocionante que pode ser visto como o ponto alto da faixa. Sem a menor dúvida um dos momentos mais bonitos do álbum. “Dark Paradise” encontra-se uma interessante batida, boa ideia de climatização sonora composta novamente por um pano de fundo orquestral, vocal imposto com grande desenvoltura e encantamento. Mais uma música de muita beleza, sensibilidade e melancolia a compor o álbum. “Radio” é mais uma amostra de hip hop com fundos orquestrais de bom resultado, a faixa tem uma influência em Madonna, com um coro no refrão que contém um belo lirismo por parte de Lana deixando a música bastante agradável no seu todo. “Carmem” é uma faixa que sinceramente não me chamou atenção alguma. Possui um ar lutuoso – como a cantora fez até aqui em quase todas as músicas -, mas uma batida desinteressante, onde nem mesmo o uso de coro no refrão pra intensifica-la conseguiu com que ela saísse da artificialidade. Não vou classifica-la como ruim, mas é muito aquém de qualquer outra música do disco. “Million Dollar Man” é onde Lana lamenta de forma emotiva um caso de amor que não deu certo através de uma balada extremamente simples ao estilo bluesy. Não é uma grande faixa, mas não compromete em nada a qualidade geral do álbum. “Summertime Sadness” tem uma parte do seu refrão que é simplesmente viciante em que ela diz várias vezes o nome da música, inclusive essa parte me lembra bastante a Rihanna, tanto pela forma que acontece a batida, tanto quanto pelo maneira que o vocal se desenrola. “This Is What Makes Us Girls” é a faixa que fecha – muito bem por sinal – o álbum. A ideia central já apareceu em outras faixas, ou seja, batida hip hop de atmosfera forte, tendo neste caso como único problema, o vocal de Lana em acompanha-la, mas ainda assim, a música soa interessante. Legal também é a melodia orquestral tímida que cresce final, como se tivesse voltando ao tema final de “Off to the Races”. O único problema aqui é que Del Rey não tem o equipamento lírico para desenvolver uma personalidade ao longo do álbum. Como descritas, muitas das músicas do disco são forte, porém, o trabalho lírico é bastante pobre, fazendo com que apesar de ótimas interpretações de Lana, as coisas podem soar artificiais. Um álbum muito bom, mas que se tivesse sido bem escrito como de outras cantoras do mesmo período, seria visto de outra maneira não apenas por mim, mas principalmente por muitos da imprensa lá fora que o massacraram sem dó – o que também achei exagero.
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Sobre Tiago Meneses

Nível: Colaborador Top Notch
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"Sou poeta, contista e apaixonado por música desde os primórdios da minha vida, onde o rock progressivo sempre teve uma cadeira especial."
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Sobre o álbum

Born To Die
Álbum disponível na discografia de: Lana Del Rey
Ano: 2012
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4 - 3 votos
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