
Resenha
Warhorse
Álbum de Warhorse
1970
CD/LP
Por: Tiago Meneses
Colaborador Especialista
17/06/2020
Hard rock com toneladas de elementos progressivos e psicodélicos
É algo completamente fora de questão querer falar sobra a Warhorse – principalmente do seu primeiro disco – e não citar em momento algum o Deep Purple. Na véspera do Purple criar um dos maiores discos da banda e do hard rock como um todo, o guitarrista e sempre “amável”, Ritchie Blackmore, demitiu o vocalista, Rob Evans e o baixista Nick Simper. Evans, claro, continuaria sua carreira, fundando a Captain Beyond e lançando uma verdadeira obra-prima na sua estreia autointitulada. No caso de Simper, o que Blackmore alegava é era que a execução do baixo do músico era supostamente antiquada para a sua visão artística, por isso é bastante irônico que a Warhorse consiga ser uma banda mais rocker do que o Purple havia sido nos seus dois primeiros discos. Assim como aconteceu com Evans e a Captain Beyond, a Warhorse também entraria em erupção com uma estreia excelente. Embora a banda possa não ter desencadeado uma carreira saudável, digamos assim – o segundo disco da banda já não foi tão sólido – Warhorse se destaca certamente como um dos melhores discos de hard rock da época. Lembrando que estamos falando de uma época extremamente prolífica. “Vulture Blood” é a faixa que começa o disco através de um órgão de igreja, seguido por um trabalho dinâmico de bateria e guitarra que traz a parte rock and roll pra música. Os vocais de Ashley Holt funcionam muito bem. Órgão fazendo a seção rítmica aumentada com o trabalho de guitarra. Tudo soa clássico e gratificante. Destaque também para o solo de órgão seguido por um de guitarra. Se estiver ouvindo o disco com bons fones conseguirá sentir toda a força que o baixo de Nick proporciona. “No Chance” é um pouco melancólica, novamente um trabalho de órgão seguido por um pequeno solo de guitarra antes que os vocais entrem. O vocal é o principal motivo da melancolia da faixa, mesmo quando em alguns pontos ele soe de forma mais efusiva. No geral é uma música muito bem construída e de harmonia forte. “Burning” é difícil de ouvir seus primeiros segundos e não ter um sentimento de Deep Purple. A seção rítmica de bateria e baixo (Nick se destaca no disco inteiro) estão fazendo um ótimo desempenho. Este é aquele tipo de som que qualquer fã de hard rock gosta de ouvir, batidas fortes, vocais potentes e um trabalho sublime de órgão. Frank Wilson é um excelente organista e está sempre emitindo sons maravilhosos através de suas teclas. Uma música extremamente explosiva. Incrível. “St. Louis” é um cover da Easybeats, um verdadeiro e formidável hino do rock e pop. “Ritual” tem uma guitarra no começo que novamente faz com que o ouvinte possa lembrar o Deep Purple. Novamente as habilidades conjuntas criam uma verdadeira dinamite musical. Mas o destaque aqui vai para o lindo solo de guitarra de Ged Peck. “Solitude” mostra alguns problemas de produção nas partes vocais, mas isso também não chega a ser algo muito grave. Começa tranquila, com violão no primeiro plano e órgão ao fundo, seguindo de alguns corais e solo de guitarra. Quando os vocais entram, segue tranquila, mas se desenvolve em uma crescente fabulosa. Novamente com ótimos trabalhos de órgão, guitarras que “choram” e vocais apaixonados. Resumindo, uma faixa muito bela. “Woman of the Devil” é a faixa que encerra o disco e de certa forma sinto um pouco de semelhança entre a sua estrutura e a de “Solitude”. Inicia-se com uma seção fantástica de órgão que começa lentamente e vai acelerando. Psicodelia pesada, cozinha insana, órgão bem direcionado, incríveis riffs de guitarra assim como um solo matador. Um final excelente pra um disco excelente. No geral, todas as músicas de Warhorse são sólidas, embora eu deva admitir que nem sempre parecem combinar bem. “St. Louis”, por exemplo, é um caso – embora de todo modo seja um blues otimista – parece deslocada no meio do tom oculto e melancólico do disco. Mas apesar de uma falha desta – algo comum para uma estreia – Warhorse conseguiu se destacar da maioria dos seus contemporâneos em uma época que sem dúvida foi a mais movimentada do gênero.
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Sobre Tiago Meneses

Nível: Colaborador Especialista
Membro desde: 28/09/2017
"Sou poeta, contista e apaixonado por música desde os primórdios da minha vida, onde o rock progressivo sempre teve uma cadeira especial."
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Sobre o álbum

Warhorse
Álbum disponível na discografia de: Warhorse
Ano: 1970
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 3,67 - 3 votos
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