Billy Cobham na linha de frente do jazz rock!
No ano de 1973, o Baterista Billy Cobham era considerado um dos maiores fenômenos de seu instrumento. O músico veio do Panamá para os EUA com sua família e se instalaram em Nova Yorque, onde o músico cresceu no subúrbio do Harlem, aprendendo o que a música poderia oferecer de melhor. Posteriormente, Billy iria estudar teoria e percussão na prestigiosa High School of Music Of Art, amadurecendo seu talento natural com as baquetas. Cobham integrou o grupo de Miles Davis que gravou clássicos como “Bitches Brew” e “Tribute To Jack Johnson”. Posteriormente fez parte de um dos maiores grupos de fusion de todos os tempos: A Mahavishnu Orchestra ao lado de John Mclaughlin. Após deixar o grupo, era natural que Cobham enveredasse pela carreira solo, fato que começou a tomar forma imediatamente. Para a empreitada, o baterista convidou seu parceiro de Mahavishnu, o tecladista Tcheco Jan Hammer, e para o baixo, a escolha recaiu sobre Leland Sklar, um músico eminentemente melodioso que já havia gravado com James Taylor, The Spencer Davis Group, e muitos outros. Faltava a escolha de um guitarrista, um que fosse versátil e conseguisse se adaptar bem ao fusion. Foi então que ambos se lembraram de Tommy Bolin. Cobham o havia conhecido na década anterior, quando seu primeiro grupo chamado Dreams, tocou ao lado do Zephyr, banda que Bolin integrava na época, durante um festival. Os dois voltariam a se encontrar em 1970, durante uma Jam session no estúdio Eletric Ladyland, o mesmo que o baterista voltaria a usar para gravar seu disco. Então, foi natural que pensassem no guitarrista, uma vez que seu estilo casou perfeitamente com o baterista na ocasião do ultimo encontro. Além do quarteto, ainda foram chamados Joe Farrell e Jimmy Owens nos metais, Ray Barreto nas congas, Ron Carter no baixo e o guitarrista John Tropea para gravações posteriores. Os músicos se encontraram no estúdio sob a batuta do engenheiro Ken Scott entre 14 e 16 de maio de 1973, gravando no máximo dois takes para cada faixa, e segundo Scott, a bateria não recebeu qualquer privilégio em relação aos demais instrumentos na mixagem, usando apenas um conteúdo maior de microfones durante a gravação. Em termos de sonoridade, “Spectrum” trouxe uma grande inovação, trazendo a guitarra rockeira e malandra de Bolin em temas majoritariamente orientados pelo fusion. A Mahavishnu tinha um som similar, mas, embora soasse rápida, a guitarra de John Mclaughlin era orientada pelo jazz. Bolin trazia a urgência e o dinamismo do rock em temas como “Quadrant 4”, “Red Baron” “Stratus” e Taurian matador”, com sua guitarra embebida em distorção tendo como base a bateria jazzística e grooveada do líder, que espertamente inseriu temas mais calmos e orientado pela Flauta de Farrel entre as faixas mais pesadas, como pode ser ouvido na faixa título. A sonoridade praticada em “Spectrum” serviu de influência para vários músicos que resolveram se enveredar por aquele estilo, como Jeff Beck, que inclusive convidou o tecladista Hammer para participar de seu grupo. O álbum foi lançado em outubro de 1973 e embora tenha recebido milhares de críticas positivas e alavancado a carreira solo de Billy, quem se beneficiou mesmo do sucesso foi Tommy Bolin. Todos queriam saber quem era o dono daquela guitarra tão poderosa e versátil que conseguia duelar com a bateria de Cobham de igual pra igual. A notoriedade pelo trabalho ajudou o guitarrista a conseguir vaga com o James Gang (gravando os álbuns “Bang” e “Miami”) e posteriormente a integrar o Deep Purple. “Spectrum” pode ser considerado um dos discos clássicos definitivos do jazz rock.
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Sobre Márcio Chagas
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Sobre o álbum

Spectrum
Álbum disponível na discografia de: Billy Cobham
Ano: 1973
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 5 - 1 voto
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