Salada de ritmos em um disco que se transformou em culto
É curioso pronunciar o nome GUETO em pleno 2020, não digo pela minha geração, sim para que os mais jovens conheçam esse disco perdido nos anais do rock brazuca. A banda paulistana ficou entre o que chamamos de underground e deu uma escapada rápida ao mainstream, sem nunca sair de cima do muro. E por fim, foram esquecidos por completo. Conheço gente devota nos anos oitenta, acompanhando-os onde quer que fossem, eram apenas um nicho a enxergar que poderiam e tinham talento para ir além. É comum compara-los aos medonhos Beastie Boys, quase desfeita, diria, alem de serem melhores que os americanos, não eram rappers e sim roqueiros a lambuzar o som com alguns scratches, samples ou falas rappers, isso apenas como artificio para variar sua arte e não usa-la de muleta o todo tempo. É fato que seguiram algumas tendências desse crossover hip hop e funk feito em alguns lugares da América, e que bombavam por aqui desde 1982. Assim, espertamente aplicaram a nova onda com apoio da gravadora, a fim de pegar um filão do mercado. Na abertura com a faixa homônima, fica a carta de intenções sobre o que seria apresentado : "Somos quarto garotos da Zona Norte, que sempre gostamos de um swing forte - Marcio, Marcola, J.C., Edson X - Vão fazer o que você sempre quis... O nosso som soa soul soa samba, Soa heavy soa rap de bamba”. E era por ai, um som forte no groove, batidas de slap no baixo, bases oriundas do hard, ora com a malandragem dos Red Hot Chilli Peppers pelo caminho do funk esperto, ora o heavy metal sem virtuosismo ou rapidez e sim peças arrastadas. Também a inclusão de batuques, trompetes, e o samba em alguns trechos, o que fosse necessário para incrementar o som. Julio Cezar tinha um voz que casava bem ao som, não era um primor, mas, servia bem aos interesses do GUETO. As letras confirmavam o cotiano paulista, não tão reflexivas, e sim, diretas e bem boladas. Estação Primeira agrada da primeira a última faixa, com destaques para Ensaio Geral, Estação Primeira, Borboleta Psicodélica, Esse Homem é Você e A Mesma Dor. Infelizmente o sucessor E Agora pra Dançar?” (1989) não conseguiu superar o dinamismo do debut, mesmo assim, vale ter nas prateleiras. Na década seguinte o GUETO voltou com com outra formação e grafia – Guetho, com álbum “Tremeterra” (1993). E de vez em quando se reúnem para algumas apresentações, porem, a magia dos anos 80 ficou por lá mesmo. Tanto Estação Primeira quanto o álbum seguinte, E Agora Pra Dançar (1989), foram relançados em 2001 na série Arquivo Warner, ambos já fora de catálogo. E para os ratos de sebos, fica a dica de achar os originais dando sopa em prateleiras, não são nem um pouco raros, então, vale vasculhar e achar alguma cópia por 20 ou 30 "mangos". Formação : Marcio Hermes (guitarra) Marcola (baixo) JC [Julio Cesar] (vocais) Edson X (bateria) Produção Pena Schmidt e Geraldo D'Arbilly.
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Sobre Marcel Dio

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"Sou um amante da música, seja em qualquer estilo, rock, blues, jazz ou pop."
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Sobre o álbum

Estação Primeira
Álbum disponível na discografia de: Gueto
Ano: 1987
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,5 - 1 voto
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