
Resenha
Lightbulb Sun
Álbum de Porcupine Tree
2000
CD/LP
Por: Márcio Chagas
Colaborador Sênior
07/05/2020
Um grande trabalho que marca a despedida da fase progressiva do grupo
Quem conhece o Porcupine Tree sabe que o grupo teve duas fases distintas: A primeira mais progressiva e psicodélica, influenciada por grupos como Pink Floyd e Tangerine Dream. E a segunda, mais pesada, com guitarras à frente dos temas e forte influencia de heavy metal. Em meio a estilos tão dispares, há dois álbuns que podem ser considerados como transição de sonoridade, são eles “Stupid Dream” e “Lightbulb Sun”. Embora ambos apresentem uma linguagem mais acessível, o primeiro tinha um acento mais pop que desagradou boa parte dos fãs. Então, quando entrou em seu estúdio para gravar e produzir este álbum, Wilson procurou trazer de volta a aura progressiva e psicodélica deixada de lado anteriormente, adicionando ainda alguns experimentalismos e ambiências, características dos primeiros trabalhos. Para conseguir seu intento, Wilson trabalhou firme ao lado do tecladista Richard Barbieri para conseguir sons diferentes e originais criado por sua parafernália de teclados e sintetizadores Musicalmente o disco pode ser considerado o mais homogêneo já gravado pelo quarteto, com passagens progressivas, psicodélicas, partes pesadas e pitadas de pop. Houve também mudanças no que se refere às letras. Wilson quis se afastar dos temas que normalmente apresentava e se desafiou a criar letras mais pessoais e passionais, com atmosfera intimista e até mesmo depressiva. Um bom exemplo é a faixa titulo, que alterna guitarras pesadas com violões e andamento agradável. A letra não poderia ser mais soturna: “O sol é uma lâmpada de luz / A vela é um divertimento / As cortinas permanecem fechadas agora / No meu pequeno isolamento...” A curtinha "How Is Your Life Today?" é uma balada completamente calcada no piano depressivo de Barbieri; Já "Four Chords That Made a Million", tem um pezinho no King Crimson, com seu riff esquizoide de guitarra e vocal abafado. Apesar de um tanto exótica, foi um dos singles do disco; "Shesmovedon" é a canção mais influenciada pela musica pop. Mas é muito bem construída, com partes lentas e um dos solos mais bonitos criados por Steve. A faixa saiu como o segundo single; a canção "Last Chance to Evacuate Planet Earth Before It Is Recycled" é um dos temas mais diferentes e interessantes do disco, a começar pelo titulo. O jogo de vocais criados na primeira parte da música, amparado por violões, foi inspirado em Crosby, Stills, Nash & Young, segundo declaração do próprio guitarrista. A segunda parte é mais viajante, com várias camadas de teclados criadas por Barbieri; "The Rest Will Flow" é calcada em violões e tem um refrão acessível, característica de bandas de brit pop. Bom tema, mas passa despercebido em meio aos demais. E então temos "Hatesong", com seus mais de oito minutos de passagens complexas, mudanças de andamento e partes sincopadas lembrando novamente o Rei Escarlate. Inicia-se com o baixo pesado de Colin Edwin e a voz abafada de Wilson e vai se crescendo durante sua execução. Um tema que demonstra como a banda estava em sintonia, trabalhando duro para dar seu melhor. Vale destacar a cozinha formada por Edwin e o genial Chris Maitland, que conseguia reproduzir as partes sincopadas, com paradas bruscas mesmo ao vivo; "Where We Would Be" é mais uma balada, com boa influência progressiva, que tem como destaque o sintetizador de Barbieri que sola junto com a guitarra de Wilson, tendo o violão ao fundo como base; "Russia on Ice" é o tema mais longo do álbum, com mais de 13 minutos e o único composto por toda a banda. É a canção mais progressiva do disco, com longas partes instrumentais e ambiências de teclados contrastando com as guitarras do líder. Na parte final da música temos Chris Maitland quebrando tudo com seu instrumento, mostrando que foi um dos melhores bateristas de rock progressivo de sua época. Esta foi a última gravação do músico com o grupo e ele se despede em alto estilo; Encerrando a viagem temos "Feel So Low", uma canção lenta e cadenciada, onde Wilson canta em cima de varias camadas de teclados criadas por Barbieri, criando uma aura cinematográfica. A canção seria regravada pelo Blackfield, outro projeto capitaneado por Steve; “Lightbulb Sun” ´pode ser considerado o disco com o maior numera de passagens acústicas, onde o grupo utiliza o violão como fio condutor em grande parte das canções, o que poderia ser uma incoerência, uma vez que foi aqui que Wilson experimentou guitarras mais pesadas e timbres mais graves pela primeira vez. Essa dicotomia agradou aos velhos fãs do grupo e o disco teve repercussões positivas de crítica e público. O álbum encerra de vez a fase progressiva da banda, que marca também a saída do baterista Chris Maitland, substituído por Gavin Harrison.
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Sobre Márcio Chagas
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Sobre o álbum

Lightbulb Sun
Álbum disponível na discografia de: Porcupine Tree
Ano: 2000
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 3,67 - 3 votos
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