
Resenha
Integridade: parcerias com Felipe Cerquize
Álbum de Claudio Nucci
2018
CD/LP
Por: Roberto Rillo Bíscaro
Colaborador Top Notch
23/04/2020
Íntegro e talentoso
Em 1978, Maurício Maestro (contrabaixo e vocal), Zé Renato (violão e vocal), Cláudio Nucci (violão e vocal) e David Tygel (viola 10 cordas e vocal) formaram o Boca Livre, que já naquele ano participou do disco "Camaleão", de Edu Lobo. Sem atrair as grandes gravadoras, o grupo lançou de forma independente, no ano seguinte, o LP Boca Livre, que ultrapassou a vendagem de cem mil cópias, marco inédito na música independente da época, com destaque para as canções Toada e Quem Tem a Viola. Em junho de 1980, Claudio Nucci anunciou carreira-solo e ano seguinte saiu seu álbum de estreia. Ele fez sucesso nas rádios na primeira metade da década com canções como Quero-Quero, Acontecência, Pelo Sim Pelo Não e A Hora e a Vez. O pop brasileiro varreu das FMs comerciais praticamente toda a geração da virada dos 70’s para os 80’s, a não ser os que se adaptaram meio bregamente, como Zizi Possi e Fafá de Belém. Isso não significa que tenham deixado de gravar, mas longe dos grandes holofotes da mídia mais popular e com intervalos às vezes grande entre um trabalho e outro. Há muitos anos sem lançar álbum autoral, em 2018, Claudio Nucci apresentou dezena de composições novas no álbum Integridade: parcerias com Felipe Cerquize, produção independente, lançada em março. Cerquize é poeta e compositor carioca; responsável pelas letras que agradarão em cheio aos amantes da MPB dos trocadilhos, aliterações e jogos de palavras. A letra de Rio de Março, samba ipanêmico duetado com Zelia Duncan, é um dos exemplos mais requintados da proficiência do letrista, demonstrando a relação de amor/ódio pelo/para com o Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, Rio degenerou, Rio regenera). Integridade é predominantemente sambado: nove faixas exploram elementos do ritmo nacional, podendo ir desde o samba com toques antilhanos dados pelo piano de Antônio Adolfo, em Certeza, ao samba-fossa, de Sempre Só, dueto com Lenine, com direito à sax tenor e tudo. Olhos D’Água une a ruralidade do Boca Livre ao sorriso e à flor bossa-novista, até porque Roberto Menescal participa. Fluente na linguagem sambista, Nucci reserva o único momento longe do subgênero para um encantador dueto com seu filho Vicente. Sentimentos é tapeçaria de cordas e gaita, de folk MPB. Acaba se destacando da dezena de novidades, não apenas pela beleza intrínseca, mas pela própria diferença em relação às demais. Integridade não é apenas o nome de seu mais recente álbum: descreve sua carreira como um todo, por manter-se fiel ao que considera música boa e bem-feita. Que Claudio Nucci não passe outros vinte anos sem soltar material próprio.
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Sobre Roberto Rillo Bíscaro

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Sobre o álbum

Integridade: parcerias com Felipe Cerquize
Álbum disponível na discografia de: Claudio Nucci
Ano: 2018
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 3,5 - 1 voto
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