
Resenha
Come Taste The Band
Álbum de Deep Purple
1975
CD/LP
Por: Marcel Dio
Colaborador Sênior
09/01/2020
Despedindo-se dos anos setenta com mais um clássico
Acho esse disco tão bom quantos os aclamados In Rock, Machine Head e Burn, inclusive, superando o ultimo citado. E mesmo com a saída de Blackmore, percebia-se que o DNA da banda continuava íntegro, pois o tal Tommy Bolin não era marinheiro de primeira viagem e tão pouco caiu de paraquedas no Deep Purple. Veja bem, um guitarrista que tocou com Billy Cobham não poderia ser subestimado, sem esquecer a boa passagem pelo James Gang. Mas o que abriu as portas para o Deep Purple foi seu trabalho no disco Spectrum (Cobham) deixando pasmo um tal de Coverdale, que deu o aval para recrutar o guitarrista. Por outro lado a banda deveria aproveitar o céu de brigadeiro com a saída de Blackmore, só que as tensões deram lugar ao abuso de drogas e Tommy Bolin sem a mesma sorte do baixista, acabou morrendo por conta de uma overdose. Bom ... pelo menos foi a tempo de gravar Come Taste The Band. Sobre o título do álbum, Glenn Hughes conta que Tommy Bolin após uma noite em que ambos beberam bastante, proferiu a seguinte frase: "Come taste the wine, come hear the band" ("Venha provar o vinho, venha ouvir a banda"). Hughes então teria feito a junção das duas frases, originando a expressão "Venha provar a banda". O disco seguia a linha de Stormbringer, digamos mais agressivo. Na abertura Comin' Home deu conta do recado, rockão com pianos e solos pentatonicos caindo diretamente na veia e sem derramar uma gota. Tinha cara de hit, mas não chegou a tal ponto. Lady Luck revezava a parte funk dos graves com riffs hard blues. Alias, o baixo foi executado também pelo guitarrista. A gravação com Bolin permitiu que a banda assumisse liberdades criativas, pois Blackmore foi um empecilho nos dois álbuns anteriores devido a diferenças criativas com a dupla recém chegada. A primeira vez que ouvi Gettin' Tighter senti uma dose de adrenalina única. Conheci através de uma coletânea dupla, na verdade foi meu primeiro contato com o Deep Purple. Gettin' Tigher é o exemplo justo e final do brilhante toque funk injetado por Glenn Hughes. Alem de cantar como poucos, o som de seu contrabaixo fazia a diferença na condução dos arranjos. Glenn era um fã de carteira da gravadora Motown. Dealer - composição de Bolin e Coverdale que resumia bem o momento louco da época. A letra apontava o contato entre o consumidor e o traficante, dizendo que se a conta não fosse paga iriam rastejar atrás de você como um caçador. I Need Love e Drift são híbridos de Dealer e Gettin' Tighter, com as típicas pausas funky no intermédio, relembrando os tempos do Trapeze. Em Love Child encontramos um clássico imediato, com o órgão e guitarra trabalhando na mesma frequência em maior parte da música. Coverdale não abusa e mantem uma altura confortável para cantar. A parte mais legal fica no suingue com Jon Lord tocando algumas notas cheias de efeitos esquisitos, como um wah wah de pedal transportado para o Hammond ou outro tipo de efeito com distorção. Uma peça romântica com um maravilhoso piano e um baixo soturno de Glenn Hughes, e assim segue This Time Around, trabalho grandioso de um tempo idem para a música. Mostra também a força da voz de Hughes, dádiva que nem o tempo conseguiu enfraquecer, seus agudos permanecem intactos até hoje. This Time Around na verdade é conjunta com Owed to 'G, instrumental que aposta na simplicidade da guitarra com levadas abrilhantadas pela bateria de Ian Paice. E se existe algo mais setentista que esse timbre "quente" de Bolin, apresente-me! A saideira é a clássica You Keep On Moving, por obra do destino tem uma letra sobre despedida, talvez a de Bolin, mas como tem um teor sobre tema de relação amorosa, fica mais como coincidência ou mera especulação. Observando que foi composta bem antes e não fosse o veto de Blackmore poderia ter sido inclusa já em Burn. O resto da história a maioria conhece, Come Taste the Band foi o ultimo suspiro do Deep Purple nos anos 70, e só após nove anos veio a retomada com o retorno da formação MK II, com o excelente Perfect Strangers.
Nota: As publicações de textos e vídeos no site do 80 Minutos representam exclusivamente a opinião do respectivo autor
Comentários
IMPORTANTE: Comentários agressivos serão removidos. Comente, opine, concorde e/ou discorde educadamente.
Lembre-se que o site do 80 Minutos é um espaço gratuito, aberto e democrático para que o autor possa dar a sua opinião. E você tem total liberdade para fazer o mesmo, desde que seja de maneira respeitosa.
Sobre Marcel Dio

Nível: Colaborador Sênior
Membro desde: 14/03/2018
"Sou um amante da música, seja em qualquer estilo, rock, blues, jazz ou pop."
Veja mais algumas de suas publicações:
Visitar a página completa de Marcel Dio
Sobre o álbum

Come Taste The Band
Álbum disponível na discografia de: Deep Purple
Ano: 1975
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,19 - 13 votos
Avalie
Você conhece esse álbum? Que tal dar a sua nota?
Faça login para avaliar
Veja mais opiniões sobre Come Taste The Band:
Continue Navegando
Através do menu, busque por álbums, livros, séries/filmes, artistas, resenhas, artigos e entrevistas.
Veja as categorias, os nossos parceiros e acesse a área de ajuda para saber mais sobre como se tornar um colaborador voluntário do 80 Minutos.
Busque por conteúdo também na busca avançada.
Faça login para comentar