Em ritmo de batucada
A essa altura do campeonato o Metallica era gigante pela discografia dos primeiros trabalhos e o mega sucesso do Álbum Negro. Já Load e Reload foram recebidos com desconfiança, fácil encontrar os fãs do primeiro período jogando a toalha naquela época. Na ótica dessa turma o Metallica venderá a alma ao mainstream e uma volta aos primórdios seria apenas forçação de barra. O pior é que esses fãs descontentes acertaram em cheio!, St. Anger foi um retorno forçado ao sub gênero mais fiel do heavy metal. A raiva e protesto, dos agora, milionários e pais de família, não faziam tanto sentido. A marcação cerrada e as críticas caíram justamente sobre o "mala" Lars Ulrich e seu instrumento. "Abrir" o sons das caixas em todas as faixas foi ridículo. O timbre de lata poderia ser interessante em duas ou três canções, mas em todas ?. Some Kinder of Monster, documentário lançado um ano depois, reflete bem o que acontecia : uma batalha de egos entre os fundadores Lars Ulrich e James Heatfield, chegando ao nível de contratar um terapeuta para conter os chiliques dos membros. Do outro lado tínhamos o boa praça Kirk Hammett com cara de paisagem vendo as brigas infantiloides dos parceiros, com certeza o sujeito sensato do Metallica. Robert Trujillo chegou depois da tempestade. Em St. Anger as canções escutáveis e marcantes são justamente as primeiras, a exemplo de Frantic - aquela do TIC TIC TAC. Observando bem, percebe-se um jeitão de Tom Araya período Diabolous In Música. A faixa título apesar de repetitiva é bacana, por vezes new metal, por vezes thrash. O pecado aqui é a bateria de Lars e a falta de um solo por Kirk Hammet em uma música de oito minutos, o pior é que opta por não solar no álbum todo. O mesmo erro de St Anger incorre sobre Some Kind of Monster e Dirty Window, não só pela falta de solos como riffs e atmosferas similares, ainda com o agravante do batuque de latas de tinta suvinil ser potencializado em Dirty Window. Outra razoável é a derradeira All Within My Hands, justamente porque Ulrich segura as rédeas da baqueta, tocando de forma mais "suave". O resultado geral é uma formula manjada e sem graça em quase todas as trilhas na união infeliz de thrash e new metal. Assim, os principais equívocos ficam entre a já citada bateria destoando da afinação baixa, atuação fraca de James nos vocais (a pior de sua carreira) e tempo demasiado das musicas. É a impressão de ser torturado com riffs de poucas distinções, como ouvir música eletrônica moderna, não sai daquilo. O contrabaixo de Bob Rock se perde em meio ao tiroteio de Kirk e James, aparecendo somente para "dobrar" e dar peso. Irrefutável que tudo ocorra coagido em St. Anger, tivessem seguido a toada de Loud e Reloud ainda teríamos algo próximo ao que conhecemos por MÚSICA. Entretanto a vontade de voltar ao circuito old school para dar resposta ao fã, não foi verdadeira. Thrash metal tem que ser feito com raça, alma e espontaneidade, assim são criados os grandes feitos do subgênero. Construído de forma meticulosa, sob pressão extrema e problemas de ego, o saldo é esse, um registro "xato pra baralho!", como diria o profexô Luxa.
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Sobre o álbum

St. Anger
Álbum disponível na discografia de: Metallica
Ano: 2003
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 1,92 - 13 votos
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