
Resenha
Breakfast In America
Álbum de Supertramp
1979
CD/LP
Por: Márcio Chagas
Colaborador Sênior
22/10/2019
Café da manhã pop radiofônico
Todo fã já conhece a história do Supertramp: seus lideres Roger Hodgson e Rick Davies começaram o grupo influenciado pela cena inglesa dos anos 70, lançando dois discos sem muito sucesso. Reformularam o grupo e partiram para uma sonoridade mais acessível, mas não menos elaborada, graças a competência da dupla Hodgson e Davies que se completavam nas composições, trazendo junto ao pop as influências de cada um: sendo o primeiro um hitmaker nato, que além da inclinação para o pop com forte influência dos Beatles, trazia também uma base vindo do rock progressivo e o segundo com raízes fincadas no blues e no jazz. A dupla viu que a nova sonoridade havia dado certo e seguiu em frente. Os fãs foram aumentando, as contas bancarias engordando e os músicos cada vez mais seguindo a sonoridade pop rebuscada que agradava tanto os rockeiros de plantão quantos os ouvintes de FM pelo mundo. Pode-se dizer que ‘Breakfast in América” é o ápice desta sonoridade que deixou o grupo famoso mundialmente, pois durante a gravação do álbum, o choque de egos entre seus lideres já começava a se aflorar, boatos davam conta que os líderes não se falavam mais, o que era negado veementemente pelo grupo. Especulação ou não, o fato é que o grupo estava no seu auge criativo e assim Rick Davies (teclado, vocais e harmônica), John Helliwell (saxofone, vocais e instrumentos de sopro), Roger Hodgson (guitarra, teclado e vocais), Bob Siebenberg (bateria) e Dougie Thomson (baixo), entraram no “The Village Recorder” em Los Angeles, para gravar aquele que seria seu maior sucesso comercial; Davis e Hodgson seguiam compondo separados, mas as influências de todos perpetuavam nos arranjos, como se “arredondassem” a canção para que pudessem chegar aos ouvidos dos fãs como eles esperavam. Aqui eles amadureceram tudo que já haviam feito antes: a sonoridade advinda dos Beatles e dos grupos setentistas ao lado de coros de vozes competentes e bem trabalhados, intervenções de guitarras bem pensadas, base forte, piano e saxofone conduzindo os temas que ainda levavam influências de jazz e blues. Não era fácil, mas tudo isso virava pop da mais absoluta qualidade! A capa do álbum é um tema a parte, com a atriz americana Kate Murtagh irreverentemente segurando um copo de suco como se fosse a estátua da liberdade, tendo como pano de fundo uma cidade de Nova Iorque formada por prédios substituídos por caixas de cereais, prato de comida e embalagens de ketchup. O álbum se inicia com "Gone Hollywood", da lavra de Davies, que divide os vocais principais com Hodgson. Calcada no piano, recheada de coros de vozes e ponteada por um sax progressivo, ela traduz bem o cuidado do álbum em fazer música com temática pop, mas de qualidade inquestionável; A seguir vem o primeiro grande hit, "The Logical Song", tema de Hodgson que traz a tona sua veia mais pop. O autor cuida nos vocais principais cantando uma letra sobre a vida nos tornar mais práticos e menos sonhadores. Sua estrutura é perfeita para as FM´s oitentistas; "Goodbye Stranger" de Davies, é outro hit, tem influência progressiva mais proeminente e algumas nuances em seu andamento. O piano ainda é o principal instrumento que ponteia toda a canção com seu refrão em falsete altíssimo, apesar de bons momentos de guitarra ao final do tema; Hodgson volta a linha de frente apresentando a curta faixa titulo, uma canção com uma letra bem humorada sobre como seria interessante pegar uma avião e explorar a América: “Poderíamos ter Salmão para o café da manhã / Mãezinha querida / Eles tem desses no Texas / Porque todo mundo é milionário”. Com "Oh Darling", de Rick Davies, o grupo encerra o lado A do antigo vinil com uma canção de amor um tanto obscura, mas muito bem conduzida, com a banda se mostrando coesa o tempo todo; O lado B se inicia com duas músicas seguidas de Hodgson, "Take the Long Way Home", uma bela canção com duelos entre piano e harmônica e sua batida sincopada, uma das minhas favoritas do disco e a seguinte, com "Lord Is It Mine", uma balada melancólica e passional com ecos de progressivo; A próxima faixa, "Just Another Nervous Wreck Down", é quase um AOR, com ritimo contagiante e refrão “pra cima” em meio ao piano sincopado de Davies e da guitarra bem timbrada de Hodgson; O disco segue com "Casual Conversations", que assim como a anterior, é de autoria de Davies. É uma canção lenta, meio blasé, com Rick tentando emular os grandes cantores americanos como Sinatra. Um tema singelo e influenciado pelo jazz americano; O disco encerra "Child of Vision", um tema mais longo, cantado elo saxofonista John Helliwell, uma canção típica do grupo, com vários coros de vozes, andamento linear, intervenções de saxofone e um longo solo de piano elétrico; Ao ser lançado no mercado mundial o disco foi sucesso absoluto, com vários críticos dizendo que qualquer música poderia ser single, o que realmente era verdade, pois “Breakfast in América” ficou seis semanas em primeiro lugar na parada da Billboard, sendo um dos discos mais vendidos do ano de 1979. Porém, apesar de todo o sucesso, a história mostraria que os boatos estavam corretos, pois a dupla responsável pelo sucesso do grupo gravaria apenas mais um álbum, com a demandada de Hodgson que seguiria em carreira solo, deixando Davies seguir com o grupo, porém, ambos nunca mais alcançariam o sucesso que conseguiram com este trabalho. Um clássico.
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Sobre Márcio Chagas
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Sobre o álbum

Breakfast In America
Álbum disponível na discografia de: Supertramp
Ano: 1979
Tipo: CD/LP
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