Um clássico absoluto do rock pesado!
A saga entre Tony Iommi e Glenn Hughes começa no distante ano de 1985. O guitarrista estava em baixa na sua carreira e decidiu criar seu primeiro disco solo convidado Hughes para ser apenas seu vocalista. O álbum, que acabou se tornando o “Seventh Star” do Black Sabbath por divergências contratuais começou com problemas ainda em estúdio, principalmente pelo estado deplorável do cantor, viciado em cocaína e heroína. Seu vicio era tão grande que Hughes fez poucos shows com o grupo sendo em seguida substituído; Claro que a relação de ambos não terminou da melhor maneira, ficando extremamente abalada. Então em 1996, com o vocalista e baixista já completamente livre do vício, o guitarrista o convidou para realizarem uma jam session a fim de conversarem e por fim a qualquer animosidade. A jam foi devidamente registrada e virou o bootleg “Eight Star”, disputado ferrenhamente entre os fãs mais entusiasmados pelo trabalho da dupla. Tony percebeu o apelo dos fãs em relação ao disco e em 2004 lançou o álbum de forma oficial com o nome de “The 1996 Dep Sessions”, que surpreendentemente alcançou boas vendas. No mesmo ano, o guitarrista começou a trabalhar em seu segundo álbum solo e inicialmente convidou jorn Lande para gravar os vocais. Porém, a agenda livre de Hughes e as boas vendas de “Dep Sessions” o fizeram recuar e convidar Hughes para novamente compor e gravar ao seu lado. Com a aceitação imediata do vocalista faltava agora conseguir bons parceiros para completar o time que gravaria o disco. Como Hughes desta vez também gravaria os baixos, a dupla escolheu Kenny Aronoff para cuidar das baquetas. Kenny é um músico extremamente versátil, tendo gravados com nomes que vão do jazz ao rock pesado passando pelo pop, como Ray Charles, B.B. King, Avril Lavigne e Alice Cooper apenas para citar alguns. O estilo versátil e competente de Aronoff cairia como uma luva para a dupla, sem contar sua ampla experiência como musico de estúdio. Para a produção Iommi convocou Bob Marlette com quem havia trabalhado em “Reunion” do Black Sabbath. O produtor ainda ficou ainda a cargo dos teclados e de algumas linhas de baixo do disco ao lado de Hughes. O quarteto se escolheu o estúdio Monnow Valley, em Monmouth, no País de Gales, para gravar o futuro trabalho, onde a dupla pôde compor e trabalhar com tranquilidade suas ideias. “Seventh Star” é um bom álbum, mas foi gravado em um período turbulento da vida da dupla, já “The Dep Sessions” é um trabalho despretensioso, gravado em clima de improviso e sem nenhuma intenção de ser lançando como um álbum, conforme dito por Iommi mais tarde. Então, coube a “Fused” a função de ser o trabalho clássico e definitivo de Iommi / Hughes, e de certo modo conseguiu. Tony está tocando como nunca, sua profusão de riffs deu ao álbum uma atmosfera densa e pesada. O guitarrista não aparecia de maneira entusiasmada com seu instrumento desde 1992 com o lançamento do clássico “Dehumanizer”. Glenn do alto de seus 53 anos na época, estava cantando como nunca, de maneira mais rasgada e agressiva e suas letras se encaixavam perfeitamente com os arranjos criados por Tony. Kenny pode fazer o que quiser com sua bateria, e trabalhando com dois baluartes do heavy metal, decidiu imprimir um estilo mais simples, direto e pesado de seu instrumento, pois tinha ciência que não era seu o papel principal. Como um bom coadjuvante o baterista tentou fazer uma base forte para que a dupla brilhasse a frente das canções e teve um bom amparo de Marlette, responsável pelos tímidos teclados e alguns baixos ocasionais. O petardo abre de maneira atrabiliária com "Dopamine" com seu riff de guitarra amparado pela bateria. Aqui, a união de peso e melodia atinge níveis impressionantes. O peso continua com "Wasted Again", desta vez com maior destaque para os vocais de Hughes que atinge notas altíssimas. O solo final é um dos mais passionais já gravados por Iommi e encarra a canção de maneira soberba; "Saviour of the Real" é mais cadenciada, com Tony tocando o riff principal em cima da base pesada. A partir do solo o tema se amplia, tornando-se mais veloz e dinâmico até o ápice final; "Resolution Song" é um dos destaques do álbum. Começa de maneira arrastada, para sem seguida se tornar mais rápida no refrão. Segue alternando momentos calmos com passagens pesadas como o guitarrista costumava fazer em sua banda na fase com Dio. Hughes consegue capturar a essência da canção e crescer junto com o tema, em uma entrega única; a faixa seguinte denominada "Grace", é praticamente uma continuação da faixa anterior, pois segue o mesmo esquema harmônico estrutural, com suas alternâncias de andamento, riffs arrastados e base pesada; Em "Deep Inside a Shell" a dupla resolveu privilegiar a melodia, compondo uma balada midi-tempo comum, com bom solo de guitarra e os vocais em destaque; "What You're Living For" tem seu riff “rasgado” e uma estrutura que lembra o heavy oitentista ou algum tema do Sabbath com Ozzy. É a mais rápida do álbum; "Face Your Fear" é outro tema forte, com base pesada amparando os vocais sempre eficientes do mestre Hughes sempre com um riff maravilhoso de guitarra, afinal é Iommi tocando não é? A climática "The Spell" é a faixa mais parecida com Black Sabbath, extremamente arrastada com vocais e guitarra alternando no papel principal; E a dupla deixa o melhor pro final, encerrando com "I Go Insane", uma suíte de nove minutos com influência de rock progressivo, prog metal e doom. Uma canção que começa complacente, com Hughes acompanhado por violões e vai se desenvolvendo no decorrer da audição, ficando mais pesada e emblemática. Um dos melhores temas criados tanto por Hughes quanto por Iommi, que ainda nos brinda com um solo fantástico, mostrando que conhece muito quando o assunto é solos viajantes. O disco foi lançado em julho de 2005, e não houve nenhuma grande turnê para promovê-lo, apenas alguns poucos shows promocionais, uma vez que Iommi estava em turnê com Black Sabbath e Hughes precisava continuar divulgando seu CD, o excelente “Soul Mover” lançando no mesmo ano e ainda voltaria aos estúdios para a gravação do que viria a ser seu álbum “Music for Divine”. Realmente uma pena não terem seguido promovendo o disco, pois seria interessante ver o trio em ação ao vivo. “Fused”, pode ser considerado um clássico do rock pesada e um dos pontos altas da discografia da dupla que mostrou ter fôlego para lançar pelo menos mais um trabalho. Com o final do Black Sabbath, Tony está com seu tempo livre e seria interessante se voltasse a trabalhar novamente com Hughes. Como nada é impossível, ficamos na torcida.
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Sobre Márcio Chagas
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Sobre o álbum

Fused
Álbum disponível na discografia de: Tony Iommi
Ano: 2005
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,75 - 2 votos
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