
Resenha
On This Perfect Day
Álbum de Guilt Machine
2009
CD/LP
Por: Márcio Chagas
Colaborador Sênior
01/07/2019
Projeto psicodélico progressivo de Arjen Lucassen e Chris Maitland
O holandês Arjen Lucassen é um multi-instrumentista que fez fama a frente do Ayreon, sua banda principal conhecida sempre por lançar álbuns conceituais com vários convidados renomados. Porém, o músico não se limita apenas a ele, desenvolvendo outros projetos em outras vertentes musicais, como Star One, Ambeon e Streams of Passion. De personalidade irrequieta e surpreendente, em 2009 Arjen havia acabado de lançar o rebuscado 01011001 de sua banda principal, e ao invés de dar continuidade a um de seus inúmeros projetos, resolveu idealizar algo diferente. O guitarrista estava interessado em extravasar suas influências progressivas e psicodélicas, e decidiu montar um novo projeto. Para a bateria o holandês convidou ninguém menos que Chris Maitiland, baterista da fase áurea do Porcupine Tree, conhecido por sua sutileza, bom gosto e versatilidade. Para fugir de sua temática habitual, sempre calcada em letras baseadas em ficção científica, o músico pediu ajuda a sua parceira e empresária, a também guitarrista Lori Linstruth, que acabou fazendo os solos e alguns arranjos do disco; Para os vocais, Arjen surpreendeu mais uma vez, convocando Jasper Stevelink, inserido no rock alternativo e completamente fora do universo progressivo psicodélico, uma aposta realmente ousada. Coube ao líder cuidar das bases, teclados e baixos do disco. Se compararmos com todos os outros projetos do músico, este é o que tem a formação mais compacta e limitada. São apenas 6 canções, a maioria com mais de minutos, onde principal influência é o rock progressivo psicodélico, notadamente dos primeiros discos do Porcupine Tree como Signify e Sky The Moves Sideways e ainda dos clássicos setentistas do Pink Floyd. “Twisted Coil” abre o álbum de maneira compassada. A primeira impressão é que Jasper pegou o jeito blasé de cantar de Steve Wilson. Maitland faz toda a diferença na sonoridade do disco, utilizando seu estilo minimalista percussivo. Tem até as vozes meio robóticas inseridas em meio a atmosfera depressiva, intercaladas com pequenos coros. Os teclados atmosféricos dividem espaço harmonioso com inserções de guitarras ligeiramente mais pesadas; Em “Leland Street”, as guitarras com slide abrem o tema, bem amparadas pela bateria inconfundível de Maitland. O vocal arrastado vem logo atrás e predomina até o refrão, com a entrada de guitarras pesadas e bem timbradas; “Green and Cream” tem início com vozes e ares cinematográficos. A bateria soa quase jazzística em meio a camadas de teclados. O vocal é mais compassado, com ênfase em cada palavra. Em contrapartida, as guitarras de Lori, quando aparecem estão mais pesadas e menos cadenciadas; “Season of Denial” aparece ainda mais soturna e depressiva, com bons violões e teclados na introdução. O vocalista Jasper canta com um timbre passional, quase dolorido. É possível perceber ecos de música árabe em determinadas passagens, e, apesar do belo solo de guitarra, o lado sombrio impera no tema; O álbum segue com "Over", mais curta ( seis minutos), mas não menos complexa. Possui um vocal mais direto e um solo passional construído por Lori, apesar de curto; A ultima faixa "Perfection?" encerra o álbum no mesmo clima que se iniciou: ou seja, progressivamente depressivo e arrastado, com a voz macia e contemplativa de Jasper direcionando o tema para o seu ápice no refrão onde as guitarras aparecem com muito mais evidência; "On This Perfect Day" é um trabalho excelente, não só para quem idolatra a sonoridade prog deprê do Riverside e do citado Porcupine Tree, mas também para os fãs dos inúmeros projetos idealizados por Arjen. A participação de Chris Maitland foi essencial para que Arjen alcançasse sonoridade inicialmente buscada. Sua técnica, precisão e sensibilidade o tornam um dos melhores músicos do prog rock da atualidade. Com toda certeza é um projeto para ser apreciado por poucos, apesar de sua imensa qualidade. Após o lançamento em 2009, Arjen Lucassen nunca demonstrou interesse em trabalhar em um segundo disco do grupo. Apesar disso, também não alegou que o Guit Machine se limitaria apenas a um único álbum. Restar apreciar com calma "On This Perfect Day" e torcer para que Lucassen resolva exteriorizar novamente seu lado psicodélico depressivo.
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Sobre Márcio Chagas
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Sobre o álbum

On This Perfect Day
Álbum disponível na discografia de: Guilt Machine
Ano: 2009
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,5 - 2 votos
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