Sem máscaras
Nem sempre as coisas funcionam como deveriam. Para o KISS - apesar do que muitos pensam - as coisas foram bem difíceis, principalmente quando o assunto se volta ao termo sucesso e vendagens de discos. Entre o final da turnê de "Creatures of the Night" e o começo da nova fase do grupo, eles sofreram demasiadamente com inúmeros problemas e não foram poucos. Primeiro, a banda vinha de dificuldades com seus membros, tanto o baterista Peter Criss, que já estava fora, havia dado dores de cabeça, terríveis, um tempo depois foi a vez de Ace Frehley, que aos trancos participou do disco antecessor em algumas partes, vídeos e pousou para arte de capa. Um outro momento complicado, seria na adaptação de alguém para substituir o guitarrista e além de tudo isso, a tour passada, havia sido pouco favorável; isso devido aos cancelamentos de concertos e as vendas moderadas em certos países. Não sendo o bastante, a banda entrava naquele momento em que a mudança de som estava sendo uma necessidade enorme. Grupos como Scorpions, Judas Priest e até mesmo Black Sabbath, haviam se modernizado totalmente e era isso que a indústria queria. O KISS agora havia abandonado o Pop Rock e a Disco Music também, mas ainda outro fator foi determinante para chegarem a surpreender os fãs e a gravadora Mercury; que seria a retirada das maquiagens. Enquanto gravavam, eles ficavam na dúvida de como iriam deixar a banda em uma posição confortável novamente e a solução veio aos poucos, esta mesma já havia sido discutida, mas eles hesitavam e muito; talvez com o medo de enterrar a carreira, mas foi o contrário, o novo KISS, agora sem maquiagem, subiu nas paradas. Vinnie Vincent foi escolhido para a guitarra solo. Um músico competente, trouxe algumas firulas necessárias e mudanças nas composições do grupo, mas ainda assim, tudo passou pela liberação de Gene/Stanley, que segundo próprio Vinnie, foi vetado - e muito - durante todo o processo. Foram solos cortados, arranjos refeitos e até mesmo mudanças na forma de tocar em algumas faixas. No entanto, tudo funcionou muito bem, como se pode conferir ouvindo o álbum "Lick It Up", lançado em setembro de 1983. Agora sem maquiagem, tendo dois vídeos lançados para TV e com uma nova roupagem, o KISS subia em seu status, o disco quando chegou nas prateleiras rendeu 2 milhões em cópias e assim alavancou o grupo como um dos mais preferidos daquele momento. A produção do álbum veio mais seca, deixando a bateria de Eric Carr em sintonia com as guitarras. Já o baixo, pode-se ouvi-lo em cada faixa, aliás, em alguns momentos não é Gene que o conduz. No entanto, como próprio Paul diria uma vez, "Não sei porque Gene não toca com ênfase seu instrumento, ele tem uma capacidade enorme, talvez seja falta de vontade mesmo", diria o vocalista/guitarrista. A habilidade do produtor James Michael Jackson, juntamente com a banda, rendeu um alto nível, trazendo o grupo para um som mais modelado e radiofônico também. Vinnie compôs muitas das faixas nesse novo momento. Ele já havia tocado com a banda no Brasil na tour anterior, mas ainda não era certo sua presença em definitivo depois do lançamento do álbum. Sua importância ficou clara, ainda mais mediante à tudo que ocorrera em um passado não tão distante. Eric Carr (R.I.P.), era outro que agregava - e muito - e na nova tour em diante ainda mais, pois uma das faixas, a intitulada de "Young and Wasted" seria executada por ele ao vivo e não por Gene como no estúdio; isso foi um pedido do baterista, que não queria ficar apenas cantando a canção "Black Diamond". Nesse momento, o KISS trouxe algo mais firme em termos de canções, apesar de ter sido gigante nos anos 70, no começo dos 80 a banda estava ruindo em dívidas e com faixas sem o apelo necessário; apesar de sempre emplacar algo nas paradas. Porém, para uma gravadora, nunca é suficiente. Logo de cara com "Exciter", a banda traz um hard n' heavy bem construído, vindo na linhagem da canção "Creatures of the Night", porém mais crua e rasgada, com riffs entoando um belo hard. Gene trouxe músicas bem complementares nesse momento, aliás desde o disco antecessor ele vinha inovando e mantendo uma boa linhagem de canções, mas aqui ele seguiu de cabeça erguida. Prova disso são as faixas: "Not for the Innocent", "Fits Like a Glove" e "Dance All Over Your Face". Não o bastante, sua interpretação soa muito condizente com o clima do disco e das faixas exibidas. Paul, brilhante como em trabalhos anteriores, manda sons mirabolantes. A canção "A Million to One" é linda, fantástica e clássica por si só, e em "All Hell´s Breakin Loose" a vocalização e o instrumental se fazem perfeitos em uma harmonia com clima apocalíptico. Enfim, a grande faixa, "Lick It Up", traz a essência da banda em criar hits e mostra o quanto essa música se tornou diferenciada dentro da discografia do grupo. O KISS chegou em 1983 vencendo as barreiras e foi muito relevante sem as maquiagens anos adiante, repetindo o sucesso deste em mais dois ou três discos, seguidamente. "The hottest band in the world... KISS!
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Sobre Fábio Arthur

Nível: Colaborador Especialista
Membro desde: 04/02/2018
"Obtive meu primeiro contato com o Rock, com o grupo KISS no final de 1983, após essa fase, comecei a me interessar por outros grupos, como Iron Maiden, do qual ganhei meu primeiro vinil o "Killers" e enfim, adquiri o gosto por outras bandas, como Pink Floyd, John Coltrane, AC/DC entre outras."
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Sobre o álbum

Lick It Up
Álbum disponível na discografia de: Kiss
Ano: 1983
Tipo: CD/LP
Avaliação geral: 4,32 - 11 votos
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